terça-feira, 31 de outubro de 2017

Lote 24 - Ponte 1ª edição da Brianezi - celulóides importados

Com goleiro de faixa, típico da primeira leva feito por Paulo Brianezi. Belíssimo exemplar.
1972: time posado e o ídolo Manfrini

Lote 23 - Timão de 1972-76 - Brianezi 1ª edição - celulóides importados

Primeira fornada de botões de celulóides feitos pelo saudoso fundador da fábrica, Paulo Brianezi. Batedeira colorida bem antiga, com poucas cores, flexível, goleiro de pedra. Belo exemplar.
1972

sábado, 28 de outubro de 2017

Lote 22 - Linense - 'O elefante da Noroeste' - Bolagol original 60/70´s

É o clube que revelou Leivinha, ídolo do Palmeiras, Portuguesa e da Seleção. Além de Goiano, um dos zagueiros mais imponentes da história do Timão. O 'elefante' conquistou vários títulos, os mais importantes: Campeão Paulista do Interior em 1952, Campeonato Paulista Série A3, em 1977, Campeonato Paulista série A2: 1952 e 2010 e Copa Paulista 2015.
Com Leivinha
Américo, presente no álbum histórico 'Ídolos do Futebol', 1955/56
 Anos 80, abaixo

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Lote 21 - Clube Atlético Ypiranga - Bolagol original 1966 - enfim, o time que jogou o tio do meu pai, completíssimo!

Botões para Sempre traz o querido CAY, um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol. Acompanhe toda a história fascinante desse histórico clube em uma das postagens mais vistas aqui em Botões para Sempre, no link: http://botoesparasempre.blogspot.com.br/2010/11/ypiranga-carinhas-1955-e-bolagol-1960.html
Homenagem ao tio de meu pai (que não conheci) de nome Sr. Vicente Forte, in-memorian, de apelido 'Peixe'. Existiam outros 'Peixes' no clube, por incrível que pareça. O senhor Vicente foi goleiro do Ypiranga do Torneio do Rio-SP nos anos 30, segundo pesquisa em fichas técnicas 'possíveis' que consta o nome do arqueiro do clube, sendo que ele começou a jogar bem antes, no amadorismo ainda.
Sem dúvida, o exemplar da Bolagol é inesquecível para a minha família por toda a história citada. E, na mesa, um atrativo a mais para praticar o 'velho' e amado Futmesa, já que o departamento de futebol profissional do clube já não existe mais desde o começo dos anos 60.
Seja bem-vindo, CAY, agora completo, com cor branca, já que o outro exemplar, também original, de cor preta, estava faltando peças.
O saudoso Mário Travaglini: o grande 'professor' foi amigo de meu saudoso avô paterno no Bairro Bom Retiro. Muitos jogadores foram criados ali, no bairro recheado de italianos e seus 'oriundi' entre eles, o senhor Mário, grande zagueiro do CAY.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Lote 20 - Celeste 'Três faixas' da Brianezi flexível - 50mm - 70´s

Agradecimento ao amigo e ex-fabricante de botões antigos, Alexandre Badolato, que juntos conseguimos salvar o time.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Lote 19 - Fogão da Brianezi 'Duas faixas' - 4.5cm - 70´s. Ref. 15

Ref. 15 nos catálogos. Edição especial feita geralmente sob encomenda ou na lojinha da fábrica. Ficavam expostos em prateleiras mais 'valorizadas', pois tratavam-se de exemplares luxuosos, diferentes dos convencionais que comprávamos em shoppings e em lojas de artigos esportivos.
Os famosos duas faixas, todavia em tamanhos maiores e mais raros.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Lote 18 - Juve da Mooca - o querido time de 'todos', na ref. 15 - ** raríssimo em 45mm - Brianezi 2 Faixas - Especial 1970´s

Continuando com as raridades. Dessa vez na caixinha verde rara, com escudo aclopado e na referência nos catálogos de número 15, que pertencia a EDIÇÃO ESPECIAL FUTEBOL DE BOTÃO ACRÍLICO POPULAR. Se aparecer novamente um exemplar idêntico desse Juve como este, na caixa verde, é daqui uns 10 anos, no mínimo.
Até as bolinhas de lã com um vermelho vinho antigas vieram, do mesmo exemplar, coisa de 'maluco' mesmo guardar tudo preservado, desde as mesmas bolinhas velhas e desgastadas. Oh, coisa boa! comprar na honestidade, isso sim é melhor ainda nesse colecionismo de quinquilharias, o bolso agradece, graças a Deus, justiça é o que falta no país...
Mais um Juve da Mooca, da antiga Brianezi, os convencionais de celulóides em 42mm e agora o de 45mm. 
Aqui abaixo o detalhe da Portuguesa, a diferença é que a Lusinha é ref. 20 nos catálogos, por ter um tamanho de 50mm. Já o Juve da querida Mooca é ref. 15, com tamanho de 45mm. Todos Especiais e Luxuosos.
Este aí é o de 42mm, celulóides

sábado, 21 de outubro de 2017

Lote 17 - Santos raríssimo ** by Luiz Gonçalves da Silva - o pioneiro em celulóides

Botões para Sempre continua com as raridades. Dessa vez um exemplar do Santos muito antigo e nostálgico produzido pelo Mestre Luiz Gonçalves da Silva que foi o pioneiro em produzir botões de acetato de celulóide, em fins dos anos 60. O artesão começou a vender suas relíquias numa loja da Galeria da 24 de Maio, no centro de São Paulo, por volta de 1970-1971, mas já produzia muitos botões bem antes. "Parou de fabricar por volta de 1985", informação passada pelo Presidente da Federação Paulista de Futmesa, Jorge Farah Neto. 
Nos primórdios da fabricação, os decalques usados pelo senhor Luiz Gonçalves eram clássicos dos anos 60 (como esse SANTOS FUTEBOL CLUBE ABAIXO) e bem antigos e diferentes da Cromocart, uma empresa de decalcomania que fornecia para três fabricantes: Brianezi, CRAK´S do saudoso Biscasse e, mais tarde, para a Sportec, nos anos 80. Logicamente depois com o conhecimento da Cromocart, muitas seleções foram feitas com escudos dessa fábrica.
"Os times do Gonçalves eram feitos em acetato da melhor qualidade, feitos a mão (por isso era tido como um verdadeiro artesão dos botões) e muitos clubes e seleções foram fabricados sob encomenda, diferente da grande leva de times em série feitos em outras empresas, por isso eram mais valorizados", salienta Farah.
Segundo o amigo Alexandre Badolato, que foi fabricante de botões em 1985, no estilo 'tampa', o senhor Luiz usava tinta com 'fita' e também decalques recortados para formar faixas no formato que desejasse. "Ele inventou isso de colocar decalque e pintar, inserindo 'faixas'. Depois a família Brianezi industrializou o processo, criou a fábrica em 1972 e ampliou", esclarece o colecionador.
Reparem nas faixas: "usava tinta com fita e também decalques recortados para formar faixas no formato que desejasse" 
 Este Portugal do Luiz Gonçalves já vinha com escudos da Cromocart
 Recordando...1962
LUIZ GONÇALVES, UM DOS FUNDADORES DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTMESA
Esse ano foi um ano de novidades no mundo do futmesa, pois a Federação Paulista de Futebol de Mesa, recebeu sua 1ª fundação, com o apoio do Dep. Herbert Levy e do esportista Éder Jofre (muito amigo na época, de meu pai Bucci, inclusive). Foram seus fundadores Décio Zuccaro, LUIS GONÇALVES DA SILVA, Cristião Rosas, Antonio Milletti Jr., Manoel Liñares, Aldo Narcisi, Carlos Belochio, Francisco Nelson Malanovino, Alayr Dias Viena, Ferene Bekfla, Benedito Moura Linhares, Leonildo Zuccaro e Milton de Souza.
fonte de informação da fundação da Federação: blog 'Os Velhinhos do Futmesa'
Mestre Luiz

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Agradecimento especial

Ao Mestre Lancellotti que colocou a entrevista de Botões para Sempre em seu Facebook:
A postagem no meu blog já ultrapassou 1.000 visitas em menos de 24hs.
Muito obrigado, Mestre! Eu que agradeço toda essa generosidade.
Abraço fraterno, Bucci

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Exclusivo! Entrevista com Sílvio Lancellotti

Cucina, Calcio e Bottone!
 Por Ricardo Bucci
Botões para Sempre teve a honra de entrevistar Sílvio Lancellotti. O papo não poderia ser outro: o nosso amado futebol de botão. A bolinha, a batedeira e os nossos botões, pequenos guerreiros em miniatura, sempre estiveram presentes na vida do escritor, arquiteto, gastrônomo e jornalista. Conheci o Mestre há dezessete anos atrás no extinto portal de cultura & gastronomia ‘Passaporte Brasil’. Naquela oportunidade a conversa descontraída foi envolta sobre as massas italianas, como os tortellini de Bologna.
Agora o nosso amado esporte, isto é, o ‘velho’ futebol de botão esteve em pauta. Lancellotti teve a questão de logo enfatizar no começo da conversa: “Sou dos tempos dos botões com os distintivos marcados na prensa. Depois, fabriquei os meus próprios, a partir de fichas do 'Café Paraventi' e da loja 'Ás de Ouros'. Goleiros perpetrados com moldes de chumbo. Sem falar dos encomendados na Brianezi”.
Voltemos ao túnel do tempo. Todos que admiram a história do futebol devem recordar-se. No fim dos anos 80 era tradição nas manhãs de domingo ligar a TV, especificamente na Band (na época chamávamos de Canal 13 aqui em São Paulo) e assistir ao vivo o ‘Calcio’ (Campeonato Italiano) durante o ‘Show do Esporte’, idealizado pelo saudoso Luciano do Valle. Em meio à macarronada fantástica de minha nonna napolitana Maria Casciello que fazia como ninguém suculentas pastas, assistia as grandiosas transmissões esportivas capitaneadas por Sílvio Luiz na narração. Os comentários eram estrepitosos. Regados com ‘pitadas’ gastronômicas de Giovanni Bruno, o querido e inesquecível ‘Anarello’, o maior ícone gastronômico que a cidade de São Paulo já teve e ele, Sílvio Lancellotti. Lembro-me também perfeitamente que meu saudoso avô paterno Oswaldo Bucci pulava de emoção quando seu querido Napoli fazia mais um gol: “Carecone”!, gritava meu nonno, apelido do craque brasileiro Careca na Itália.
O futebol italiano vivia um momento glorioso, depois da conquista da Copa da Espanha de 1982. Era o mais badalado do planeta. Grandes ‘squadras’ do Calcio desfilavam nos gramados. Jamais podíamos esquecer do Napoli, paixão de Giovanni Bruno, de minha nonna e de meu nonno Bucci. Maradona, Careca e Alemão deixavam os apaixonados torcedores no estádio San Paolo literalmente 'malucos'. No Norte da ‘velha bota’, uma expressão que, aliás, Lancellotti sempre gostou de usá-la, o trio de holandeses do Milan (Rijkaard-Gullit-Van Basten) faziam a bola rolar com mais genialidade. A Juventus de Turim ("La Vecchia Signora"), uma das maiores paixões de Lancellotti, tinha gênios como Platini e Boniek que brilharam na Copa da Espanha. Sem contar com o talento de Mancini, Cerezo e Vialli na Sampdoria. Ou dos alemães Brehme, Matthaüs e Klinsmann na Internazionale. E de tantos outros craques e esquadrões.
Lancellotti era ávido por qualquer informação nas partidas do Calcio. Telefonava para a ‘bella’ Itália, em busca das novidades. Isso, numa época em que não existia a Internet e as ligações eram dificílimas. Assim ele conseguia chamar a atenção dos telespectadores com minuciosas informações sobre os jogos, atletas e peripécias do futebol italiano. Além de seu extenso conhecimento sobre as cidades e os pratos típicos de cada região. 
Seu filho mais velho, o Dado, hoje um publicitário de renome, adorava o futebol de botão. “Nós montávamos gigantescos campeonatos em nossa casa. E, para que tivéssemos um mínimo de realidade, eu comecei a colecionar muitas publicações, principalmente da Itália. Ficamos especialistas amadores do futebol internacional”, relembra. Quando Luciano do Valle convidou-o a comentar o Calcio, em 1984, foi quase fácil, por causa do extenso arquivo que seu filho e ele haviam conquistado.
 "Luciano do Valle fez de mim um comentarista esportivo", salienta Lancellotti
A ‘veia’ siciliana e sua trajetória
  A família italiana de Lancellotti
A torcida apaixonada do Palermo, na Ilha da Sícilia
Concebido em Palermo, na Ilha da Sicília, mas que veio ao mundo na cidade de São Vicente/SP em 1944, Lancellotti iniciou a sua carreira, nos dois ofícios (arquitetura e jornalismo), simultaneamente, em 1968. Até 1977, projetou residências, edifícios de moradias ou de escritórios, agências bancárias, instalações esportivas, escolas públicas, mais de 200.000m2 de área construída. Então, já com passagens pelas redações de Veja e de Vogue, aderiu ao time pioneiro de Mino Carta em Istoé, como secretário de redação e como editor-chefe.
Lancellotti ajudou a fundar, ao lado do ítalo-brasileiro, Mino Carta, a revista Veja. Em 1968, integrou a equipe que fundou a revista, em uma época que certas opiniões sofriam com o poder da censura. Ainda na mídia impressa, foi redator-chefe da Istoé, diretor de redação da revista Vogue e colaborou com os maiores jornais da capital paulista, o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo.

Abandonou a régua-T e se dedicou exclusivamente à profissão de jornalista — e, inclusive, se especializou em gastronomia. Na Folha e no Estadão, implantou, com sucesso, um estilo divertido de escrever receitas e de analisar restaurantes. Apresentou, na TV Record, e em outras emissoras, perto de 6.000 programas destinados à culinária.

Jornalista, Arquiteto e um exímio Gourmet
No percurso, lançou dezenas de livros entre culinária, romances e esportes. Honra ou Vendetta, por exemplo, mereceu uma esplêndida adaptação de Lauro César Muniz, na Record, na novela ‘Poder Paralelo’.
Mestre Lancellotti: "Em toda minha trajetória como jornalista, os seus brilhantes livros de culinária me serviram como fonte e pesquisa gastronômica dos pratos e, sobretudo, das massas italianas. Estão aqui PARA SEMPRE EM MINHA COLEÇÃO!", Um abraço fraterno, Ricardo Bucci
Ainda, lançou seis livros a respeito do Esporte, como o volumoso compêndio “Olimpíada – 100 Anos”, com a história integral dos Jogos, prova a prova, desde 1896. O jornalista e critico gastronômico carrega em sua bagagem sete Copas do Mundo e cinco Jogos Olímpicos, além de outras diversas experiências dentro e fora do país. São quase três décadas de dedicação ao futebol italiano. Além de cuidar dos comentários das partidas na Band, nos anos 80, passou também pela TV Manchete. No final de 2011, lançou Em Nome do Pai dos Burros, um romance polêmico e muito elogiado.


Coberturas de Copas do Mundo de Lancellotti 
Em 2012, Lancellotti se despediu dos canais ESPN no ar, durante a final da Copa da Itália entre Juventus e Napoli. Na ocasião, ele anunciou que ganharia um blog no portal R7. O blog “Copa & Cozinha” (link: http://esportes.r7.com/blogs/silvio-lancellotti/) é um site bem diferente do convencional. Ostenta seções diversas — algumas renovadas diariamente; outras, semanalmente. Exibe frases que coletou, fala sobre fatos pontuais, recorda experiências de Olimpíada e de Mundiais de futebol, compartilha as suas experiências na culinária, aconselha os mais jovens e ainda revela as suas predileções musicais.
Bom, agora vamos nos deliciar com a entrevista exclusiva do Mestre ao blog Botões para Sempre.
Botões para Sempre: Foi o senhor que influenciou seu filho, Dado Lancellotti, a gostar do futmesa? Caso positivo como surgiu sua paixão e ‘veia’ botonística?

A minha paixão vem da infância, data dos anos 50, quando meus pais me deram os primeiros times, ainda de plástico duro, os distintivos gravados por pressão na superfície. Aliás, eram botões irregularíssimos. Não havia um igual ao outro. Jogava com meu irmão, o saudoso Gigio, e com os meus pais, os inesquecíveis Helena e Eduardo...


BPS: Fale um pouco sobre seus primeiros botões. Qual foi o primeiro time (ou os dois primeiros que apareceram em sua casa), como e quando conseguiu adquiri-los e com quem praticava o jogo.

Logo depois, com uns dez de idade, comecei a me interessar mais. Já existiam botões melhor industrializados, aqueles em que círculos plásticos, como lentes de contato, prendiam os distintivos – no caso, de papel. Jogava com o Gigio, com parentes, vizinhos, colegas de escola. Eu tinha vários times do Corinthians, o Gigio vários do Palmeiras. Um primo querido, o Adelino Pimentel, era então muito mais avançado. Ele usava fichas de jogo, as distribuídas pelo ‘Café Paraventi’ e as compradas na loja ‘Ás de Ouros’. Uma trabalheira deliciosa. Lixávamos as fichas cuidadosamente, até que ficassem super-lisas. E ainda fazíamos as quinas nas bordas, menos inclinadas para os zagueiros, médias para os apoiadores, delicadíssimas para os atacantes, de modo que pudessem encobrir os arqueiros. Que, aliás, nós também fazíamos com chumbinhos de peso de varas de pescar. Colocávamos os chumbinhos num molde e daí martelávamos até que tudo ficasse homogêneo. Com as fichas e os arqueiros de chumbinho eu criei um esquadrão que ficou invicto por mais de duzentas partidas. Era lindo, de escalação fictícia: Batman (azul escuro com uma figura do herói coladinha), Napoleão (branco), Celestino (azul clarinho), Garrastazu (vermelho, muito anterior ao general que virou presidente) e D’Orange (alaranjado); Clausewitz (amarelo gema) e Lancelot (amarelo clarinho); Luzeiro (verde clarinho), Mohammad (azul brilhante), Júpiter (rubro vivo) e Xixi (óbviamente, da cor do próprio). Eu também produzi a minha própria mesa, de compensado que encerava manualmente; as traves, as bolinhas etc.

BPS: Li um artigo brilhante na Folha de SP, em 2010. Ali o senhor relata que visitava a lojinha da saudosa Brianezi que ficava no bairro paulistano do Belenzinho. Quais são as maiores recordações que teve do local? 

Quando o meu filho Dado tinha uns oito anos, começou a praticar Futebol no Esporte Clube Pinheiros. Atuava no time dirigido por um grande amigo meu, o Rubens Tavares Aidar, que mais tarde se tornaria Presidente do Tribunal do Trabalho no Estado. O Luís Felipe, filho do Rubinho e hoje meu advogado, também integrava o time. Numa festa de aniversário do Dado, o Luís Felipe apareceu com os primeiros Brianezi que o meu bambino teve, Corinthians, é claro. Pacientemente eu datilografei os nomes dos atletas do Coringão, aquele com Sócrates e Palhinha, em tiras de papel autoadesivo, e colei nos botões. Daí, aconteceu uma explosão. Eu colecionava a revista “Guerin Sportivo”, da Itália, que costumava publicar páginas com miniaturas dos “scudetti”. Levava à Brianezi e encomendava botões do Calcio, do Futebol Argentino, do mundo todo, enfim, assim como botões das seleções que disputavam a Copa. Recordo que no fundo da loja, num reduto escuro, aconteciam diversos campeonatos de botão.


 "Pacientemente eu datilografei os nomes dos atletas do Coringão nos Brianezi"


BPS: O senhor teve contato com os proprietários da fábrica, inicialmente com Paulo Brianezi (in-memorian) - fundador que registrou a fábrica em 1972 -, depois com o filho dele, Lúcio Brianezi?

Muito contato. Ficamos bastante amigos. Frequentemente eu levava a ele sugestões de clubes que a Brianezi pudesse transformar em botões. O Dado tem os dele até hoje, armazenados e guardados cuidadosamente em sua coleção. Creio que cerca de duzentos clubes e seleções diferentes, alguns com uniformes que nós personalizávamos ao nosso jeito.

Brianezi do Cosmos da edição de Luxo em 50mm: coleção particular da família de Lancellotti
Botafogo/RJ no modelo 'duas faixas' da Brianezi do final dos anos 70
BPS: Comente sobre os lendários botões Brianezi. O senhor ainda guarda-os em sua coleção? E qual foi o primeiro time que o senhor comprou da fábrica.

Lendários, mesmo. Ficaram todos com o Dado e, hoje, com o meu neto Dudu. O primeiro que eu encomendei à Brianezi foi um da Juve de Turim.


Juventus de Turim e o querido Palermo: duas grandes paixões de Lancellotti
BPS: Quantos jogos de botões aproximadamente o senhor possui. E qual é o mais antigo e que tem a sua maior admiração.

Ainda guardo, apenas, aquele das fichas que eu mesmo produzia. Vai ser cremado comigo (rs).


BPS: A Brianezi encerrou suas atividades no final de 2001. O colecionismo neste segmento ficou mais órfão com o fim da produção dos jogos?

Desafortunadamente os eletrônicos venceram essa batalha.

Artigo sobre Futebol de Botão na Folha, em 2010, escrito por Lancellotti
BPS: Quais eram suas maiores preferências no universo do botão? Jogar com times nacionais, estrangeiros ou seleções?

Fazíamos campeonatos, de acordo com as épocas. Paulista, Brasileiro, Italiano, Mundial e muitos outros.
BPS: O senhor é referência no país quando o assunto é Calcio italiano. Isso de certa forma teve alguma relação com o gosto de praticar o esporte?

A minha paixão pelos botões é muito anterior ao meu trabalho com o Calcio, e com o Futebol do Mundo em geral. Quando eu comecei a colecionar publicações internacionais sobre o Futebol, claro, de certo modo se reavivou o meu gosto pelos botões.

BPS: Na TV brasileira o senhor ficou marcado por comentários esportivos que sempre eram ‘recheados’ de curiosidades das cidades italianas, além dos pratos preferidos de cada região. Gostaria que imaginasse que o Avellino Calcio, time que tenho afeição pela minha descendência napolitana, entrasse em campo para enfrentar outra agremiação. O que o senhor nos contaria de interessante dessa ‘squadra’ que nos anos 80 apresentava em seus quadros os nossos brasileiros Juary e Dirceu?

Avellino, “vicino” a Napoli, região da Campânia. Estive lá. Talvez uns 55.000 habitantes. “Comune” fantástica cercada de montanhas. Tem vários museus dedicados à Zoologia.

BPS: De onde veio a inspiração de criar o termo ‘velha bota’?

Ah, não criei eu, não. (rs). Isso é coisa muito antiga.

BPS: Uma pessoa que me marcou demais pela humildade e caráter foi meu saudoso amigo Giovanni Bruno. O senhor teve a honra de trabalhar ao lado dele nas partidas. Qual foi a maior lembrança que teve do querido ‘Anarello’?


Ah, são infinitas...Na sua Cantina ‘Il Sogno di Anarello’, inclusive, era normal que eu fizesse dueto com ele em canções napolitanas.

BPS: O futebol de botão acabou ou ainda poderá ser amado PARA SEMPRE?

Infelizmente, virou coisa de arqueólogo.