sábado, 17 de março de 2012

O saudoso Gentilândia Atlético Clube - campeão estadual do Ceará

O título de 1956
O título do Gentilândia de 1956, conquistado após a vitória no primeiro turno, sem que o segundo tenha sido disputado, fez com que o time fosse considerado “meio-campeão” por setores da imprensa. O título veio com a vitória sobre o Ceará por 1 a 0, com gol do atacante Pipiu. “Na própria fase de classificação o Gentilândia já vinha se montando. Aí o Jombrega (ex-jogador e técnico) chegou e acertou o time”, aponta Pedrinho Simões, goleiro dos acadêmicos entre 1952 e 1959
Diretores do Gentilândia campeão estadual de 1956, empolgados com a conquista, decidiram mudar o tradicional uniforme alvi-anil do time para o rubronegro. 
A idéia era pegar carona na popularidade do Flamengo, do Rio de Janeiro. 
 Objetos que contam a história do Gentilândia Atlético Clube.
Arquivo Pedrinho Simões.

 
Depoimento: “Infelizmente tinha na diretoria do Gentilândia uns torcedores apaixonados pelo Flamengo e achavam que o Gentilândia por ser um clube simpático, mudando as cores para rubro-negro teria mais adeptos. Mas foi uma desilusão. Descaracterizou o Gentilândia que desde sua origem era azul e branco. Ele passou a ter outra identidade, o clube foi campeão do Torneio Início em 1959, manteve boas equipes, mas não era o Gentilândia azul e branco, não era o mesmo e o Gentilândia morreu vermelho e preto”. Pedro Simões ex-goleiro do Gentilândia Atlético Clube. 
Estádio Presidente Vargas no jogo entre Ceará e Gentilândia, quando este venceu pelo placar de 1 X 0 e sagrou-se campeão estadual de 1956.
Arquivo Nirez. 


A história

A Gentilândia é uma localidade da cidade de Fortaleza. Faz parte do Bairro Benfica - e corresponde ao quadrilátero urbano compreendido entre as avenidas da Universidade, Treze de Maio, Expedicionários e Eduardo Girão. Seu nome deriva do sobrenome "Gentil", família que durante décadas deteve as terras que hoje formam a comunidade.
 O Gentilândia Atlético Clube foi fundado a 1º de janeiro de 1934, a partir do Clube Social Gentilândia, fundado três anos antes, e que funcionava no bairro de mesmo nome, por um grupo de desportistas, dentre os quais figuram Oton Sobral, Moacir Machado, Jandir Machado, Paulo Araújo, José Lemos e Raimundo Cals.

O Gentilândia era chamado de ‘Time dos Acadêmicos’ porque era formado só de rapazes da sociedade. Só tinha acadêmicos, estudantes de medicina, de direito. Ninguém era profissional”, aponta Airton Monte, ex-jogador do time entre 1948 e 1951, vários jogadores eram formados ou estudantes em cursos superiores, tais como: Wildson (Contador), Ossian Araripe (Direito), Edilson “Mandrake” Carneiro, Zé Walter, José Mário Mamede, Sérvulo Barroso, Zécandido, Edilson Lima Gomes (Odontologia), Denizio (Medicina), Paulo Mamede e Moacir Ciarlini (Farmácia), Cândido (INSS), Alfredo Linhares (Professor), Newton Studart (Economia), Orion (Agronomia), Haroldo Guimarães (Direito) e Haroldo Castelo Branco (Escola Militar ). Quando foi campeão em 1956, o Gentilândia contou na sua formação com craques geniais: Pedrinho Simões, Fernando Sátiro, Wiliam Pontes, Pipiu, Edilson e Liminha. O último campeonato disputado pelo Gentilândia foi em 1965.
Celeiro de craques - Quando conhecemos o Gentilândia o clube já utilizava a camisa rubronegra, mas mantinha o pequeno bairro do mesmo nome como sede e local de concentração. Sua principal dificuldade era encontrar um local para treinamentos. Por vezes treinou no campo da então Escola Técnica Federal do Ceará, também conhecido como Campo do Prado. Como a necessidade não foi superada e, embora a sede do clube ficasse a menos de uma quadra do Estádio Presidente Vargas, recentemente inaugurado, o fato acabou contribuindo para a dissolução do clube.
O Gentilândia, apesar disso, foi formador de jogadores que se tornaram "craques" no futebol do próprio estádio e - outros - até em clubes interestaduais. Fernando Sátiro, foi um dos maiores, haja vista que saiu do Gentilândia para integrar o São Paulo Futebol Clube, atuando ao lado de Maurinho, Gino e Canhoteiro, além de integrar, também, em 1962, a seleção paulista que disputava o Campeonato Brasileiro de Seleções.
Outro notável jogador saído do Gentilândia foi Célio, zagueiro exímio cobrador de penalidades, que depois transferiu-se para o Fortaleza, chegando a defender também a seleção cearense. Aldo, meia, foi outro que, depois do rubronegro, transferiu-se para o Ferroviário e, ali, ascendeu à seleção cearense. Não se pode esquecer Nagib, atacante que por muitos anos defendeu o Fortaleza, a seleção cearense e o Guarany de Sobral, mas começou no Gentilândia; da mesma forma o lateral-esquerdo Português, que defendeu o clube nos seus primórdios e, depois passou pelo Ceará, Fortaleza e até Moto Club de São Luís.
Clube Gentilândia aberto em 1931 pelo Cel. José Gentil e que depois tornou-se o Centro de Psicultura do INFOCS, atual DNOCS. Quarteirão localizado entre as ruas Pe. Francisco Pinto, Paulino Nogueira, João Gentil e Valderi Uchoa. Arquivo Nirez. 


Primeira formação do Gentilândia em 1944. Carlos Alberto, Clovis Ciarlini, Antonio Sombra, Denísio Nascimento, Jorge Baiano, Fernando Teófilo, Anselmo, Cabeludo, Moacir Ciarlini, Adelino Alcântara e Edílson Carneiro. Arquivo Pedrinho Simões. 
 

Equipe do Gentilândia em 1954, ainda com as cores azul e branco: A partir da esquerda: (em pé) Zé Raimundo, Betinho, Aldo, Mozart e Bill Rola; (agachados) Otávio, Teófilo, Luiz Eduardo, Bebeto, Fernando Sátiro e Zé Pequeno. Anos depois, Bebeto, pai do repórter fotográfico LC Moreira, foi comentarista dos Diários Associados. Sátiro brilhou no São Paulo. Bill Rola é conceituado dentista. Fonte: Coluna do Tom Barros – Jornal Diário do Nordeste.

Time do Gentilândia de 1954. A partir da esquerda (em pé): Luís Eduardo, Célio, Zé Furtado, Bil Rola, Leopércio, Júlio, Pedrinho Simões, Antonio Carlos, Hélio e Otávio. Na mesma ordem (sentados): Teófilo, José Maurício, Luís Martins, Betinho, Mauro Gadelha, Mozart (não confundir com o famoso Mozart Gomes), Kléber, Rocildo e Antonino. (Colaboração de Jurandy Neves).

Gentilândia Atlético Clube no campeonato de 1956. Da esquerda para direita – em pé: Jombrega, Pedrinho, Quixadá, Becil, Lamparina, Célio, Teófilo, Edílson, Pipiu (capitão), Fernando Santos, Fernando Sátiro, Marcos. Arquivo Pedrinho Simões.
Gentilândia Atlético Clube em 24 de março de 1957, quando da entrega das faixas de Campeão de 1956. Em pé da esquerda para a direita: Fernando Sátiro, Teófilo, Pedrinho Simões, Basileu, Lamparina, William Pontes. Sentados: Edílson, Pipiu, Fernando Santos, Augusto e Liminnha.
Arquivo Pedrinho Simões.

Gentilândia Atlético Club em 1960
Arquivo Ércio Flávio, 1960.





 Título de sócio proprietário do Gentilândia Atlético Clube, 1965.
Arquivo José Cândido

Curiosidades: 
O humorista Renato Aragão declarou recentemente ter atuado como zagueiro do Gentilândia quando jovem. A informação, no entanto, é questionada por ex-atletas do time. “É conversa dele. Comecei a andar no Gentilândia em 1951 e nunca vi ele nem na sede”, afirma o ex-jogador do time Airton Monte. “Também já ouvi falar dessa história mas não acredito. De 45 pra cá acompanho o Gentilândia, que foi organizado praticamente no quintal da minha casa, na rua Adolpho Herbster”, acrescenta o ex-goleiro do time, Pedrinho Simões. 

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