sábado, 3 de outubro de 2015

Lorival de Lima e seus botões: o primeiro criador da equipe em acrílico

Botões para Sempre traz a história do saudoso 'mestre' Lorival de Lima, um dos personagens mais conhecidos no universo do botonismo. Lima detém a patente do botão acrílico e também do modelo argola. Ele contava que fez o primeiro time em 1969, quando era ferramenteiro, para o filho de seu patrão. O garoto e o pai gostaram e o artista resolveu entrar no ramo.
O lendário ‘Gepeto do Botão’, Lorival de Lima, começou a fabricar botões há mais de 40 anos. Seus produtos já foram parar no exterior, entre os países, podemos citar a Argentina, Itália e Hungria. E ele chegou a intermediar negociações entre clubes e jogadores, de futebol de mesa, claro.
A história começa em 1950, quando, aos 11 anos, Lorival sai de São Bento do Sul (SC) e chega a São Paulo, determinado a tornar-se jogador de futebol (de campo). Por dez anos, mostrou talento no Santos (do Cambuci), Flamengo (da Vila Maria), Botafogo (de Vila Carrão) e até no River Plate (do Brás), passando pelo Vila Teodoro, pelo Parque da Mooca e pelo Sampaio Correia, “o time mais briguento que tinha”, e o Rosa Negra, da favela da Vergueiro, na Vila Mariana. Em 1968, o ferramenteiro Lorival trabalhava na 'Metalúrgica Rota', no bairro operário do Belenzinho, região central de São Paulo – foi o seu local de trabalho durante 30 anos, até 1990. Um dia, ele viu o filho do dono brincando com “aqueles botõezinhos da Estrela” e teve uma ideia. “Arrume plástico ou acrílico, que eu faço um time de botão para você”, disse ao garoto, que estudava no Colégio São Judas. O time chegou até lá – e o dono da escola encomendou 100 times a Lorival, para dar de presente. “Comprei o torninho e comecei a fazer em casa.” E não parou mais. Lorival conta que, no início, a Estrela quis comprar a patente, mas ele não aceitou. “Queria fazer artesanal.” Apesar de fazer tanto time durante tanto tempo, ele não joga. O seu negócio sempre foi o futebol de campo. Chegou a passar em peneira no Corinthians, time de coração, mas desistiu. Mas os anos de janela lhe deram um aguçado olhar de técnico. O que diferencia um bom jogador dos demais é a força com que se bate na bolinha, o comprimento dos dedos, o grau de inclinação dos botões e o autocontrole.
A peregrinação em busca de seus botões levou Lorival, inclusive, a mudar de cidade. Há mais de dez anos, ele morou em Socorro, município do interior paulista com 35 mil habitantes, a 130 quilômetros da capital. Um de seus clientes, o dono de uma sorveteria centenária, era presença constante na sua oficina do Belenzinho, montada na mesma rua onde ficava a Metalúrgica Rota. De tanto ouvir falar na cidade, um belo dia Lorival resolveu conhecer Socorro. Dez dias depois, estava organizando a mudança. (A propósito, o dono da sorveteria, o Ademar, tem mais de 400 times.) 
ILUSTRE CLIENTELA 
À margem das confusões nos bastidores, todos os botonistas preocupam-se sempre em entrar em campo com verdadeiros craques. Por isso, os profissionais especializados na confecção de verdadeiras obras artesanais são extremamente valorizados. É o caso de Lorival de Lima. Ele recebe pedidos de 22 Estados e tem ilustres clientes, celebridades como o deputado federal eleito Delfim Netto, o ex-ministro do Trabalho Murillo Macedo e a roqueira Rita Lee. O grande segredo para o sucesso de seus botões é a personalização de cada um deles. “Calculo o peso da mão do jogador e o ângulo em que ele move o botão com a palheta”, ensina Lorival. Um time, com dez jogadores, um goleiro e dois reservas, custa entre 200 e 450 cruzados. Criador do primeiro botão em acrílico feito no Brasil – material que utiliza até hoje - , Lorival, 44 anos, já recebeu inúmeros convites para industrializar seus pequeninos craques. Mas não aceitou compartilhar sua refinada técnica com barulhentas máquinas. A fila de espera é de um mês.
Lima concedeu entrevista para a Placar, em 1987
Com o amigo Armandinho do Recife-PE
Este Guarani, feito por Lorival, foi confeccionado para o colecionador Jorge Farah

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