quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Documentos raros sobre a Origem do Futebol de Botão

 Digitalizado de A Noite (26-09-30) por Claudio Falcão
BOTÕES PARA SEMPRE PUBLICA MAIS DOCUMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A ORIGEM DE NOSSA ETERNA BRINCADEIRA DE CRIANÇA no Brasil
Geraldo Cardoso Décourt nasceu em Campinas, a 14 de Fevereiro de 1911, e faleceu a 27 de Maio de 1998, tendo sido pintor, compositor, ator e, sobretudo, o inventor do futebol de mesa, razão pela qual se tornou conhecido em todo o país.

Considerado um dos primeiros pintores abstracionistas do Brasil, Geraldo Décourt foi premiado no Salão Paulista de Arte Moderna com uma medalha de bronze (1961), uma medalha de prata (1962) e o Prêmio Aquisição (1963). Também participou em nove filmes e foi autor da letra e da música do Hino do Botonista, em 1982.

A dedicação ao ‘botonismo’ durante toda a sua vida acabou por determinar a oficialização do dia do seu nascimento como o ‘Dia do Botonista’, instituído pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em 2001,

Lei Nº 10.833, de 2 de julho de 2001
Institui o “Dia do Botonista”
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º – Fica instituído o “Dia do Botonista”, a ser comemorado, anualmente, no dia 14 de fevereiro.
Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2001.
GERALDO ALCKMIN

O ‘Papa do Botonismo’ começou por jogar com botões de cueca e depois com botões de calça do uniforme escolar, surgindo daí o jogo de botões que haveria de se consagrar em todo o país.
Digitalizado de A Noite (27-12-30) por Claudio Falcão 
Origem
Dois jogos podem ter originado o futebol de mesa: o ‘jogo da pulga’ e o jogo das ‘três tampinhas de garrafa’.

O jogo da pulga, muito praticado na Europa, consistia em pressionar uma ficha contra outra, fazendo esta saltar e acertar um alvo – o gol – que podia ser um recipiente de vidro, madeira, plástico ou papelão sobre uma superfície lisa coberta por um tecido. O Príncipe Charles foi um dos maiores jogadores do seu tempo. O jogo das três tampinhas de garrafa o dedo da mão fazia uma tampinha passar entre duas outras, por três vezes, sem esbarrar nas demais, até chegar ao seu alvo – o gol.

Mas o futebol foi o grande inspirador para a criação do futebol de mesa: botões de qualquer tipo de roupa, casacos e camisas, foram as primeiras peças utilizadas. Os botões maiores eram zagueiros e menores eram atacantes. Jogava-se nas calçadas, riscava-se com giz o desenho do campo, mas o problema do não deslizamento levou o jogo para pisos de cerâmica ou mármore, até se chegar às mesas.

O material utilizado para confecção das mesas hoje é chamado de aglomerado e os botões passaram a ser feitos de coco, tampas de relógio, osso, plástico, fichas de pôquer, galalite, até se chegar ao acrílico ou madrepérola sob medida.

Os goleiros no passado sempre foram improvisados com caixas de fósforo nas quais eram colocados materiais pesados (barro, chumbo, pilhas…). Posteriormente cobria-se o goleiro com fitas crepes ou isolantes, que atualmente também é feito com o mesmo material utilizado nos botões.

As traves utilizavam madeira e, atualmente, utiliza-se também o arame feito de ferro galvanizado, pintado de branco. As redes são feitas de filó. As palhetas passaram a ser as fichas de póquer e são feitas de acrílico ou madrepérola. A bola, inicialmente um botão mais pequeno, evoluiu para materiais de feltro ou plástico sob medida, também de acordo com cada regra, podendo ser esféricas ou achatadas.

No Brasil

Por volta de 1929, com dezenove anos de idade, Décourt deu ao jogo o nome de ‘Celotex’, que era o material usado para a confeção das mesas, e lançou o primeiro livro de regras, tornando-se também bicampeão carioca de futebol de mesa em 1929 e 1930.

Décourt divulgou e organizou torneios e eventos de futebol de mesa em diversos estados brasileiros, popularizando o esporte. Criou clubes e soube administrá-los, semeando entre os que rodeavam o companheirismo. Em 1975 fundou o ‘Botunice’ e em julho de 1982 criou o Hino do Botonista.

Entretanto, a designação ‘Celotex’ foi substituída por ‘Futebol de Mesa’ e as regras foram mudadas. Na sua autobiografia intitulada ‘Aconteceu, sim’, publicada em 1987, Décourt reservou um capítulo exclusivo ao futebol de mesa, que foi reconhecido como esporte pelo CND desde 1987 e praticado em todo o país.

Regra de Décourt

A primeira regra de futebol de mesa escrita por Geraldo Décourt foi noticiada pelo jornal ‘A Noite Esportiva’ em 1930 (e posteriormente aprimorada):

O Football Celotex é um sport de mesa, no qual, em cada jogo, tomam parte dois amadores, que por sua vez representam dois teams formados por onze botões, assim distribuídos: um guardião, dois zagueiros, três médios e cinco deanteiros.
Como se vê, o número de botões é idêntico ao número de players do Football Association. Para ser iniciado cada match é necessário que os vinte e dois botões estejam nas respectivas posições em mesa e, então, o desfavorecido pelo “toss” dará o “kick-off”, com o centro avante, o qual estenderá um passe para um dos lados, onde um outro botão do mesmo team impulsionará a bola, dando assim início ao jogo.

Como se vê, enquanto um segundo botão do team favorecido com a saída inicial não tocar na bola, não valerá goal. Procedida a saída, o outro amador, chamado de B, jogará com um de seus botões uma vez e assim, sucessivamente, um de cada vez até que seja registrada alguma falta. A única ocasião em que cada amador poderá jogar duas vezes seguidas é, pois, no momento da saída do centro. Depois de cada goal a bola deverá ser colocada no centro da mesa, e o team que tiver sido vasado dará a saída. No Football Celotex considera-se foul quando um botão do team A roçar noutro do team B, sem que antes tenha “tocado” na bola.

Considera-se hands (coisa raríssima) quando um botão do team A ficar sobre a bola. Neste caso, se for o guardião o infractor proceder-se-á ordenando um “carring”, valendo goal direto. No foul e no hands valem goals directos, e se as respectivas penalidades forem consignadas dentro da área perigosa ordena-se um penalty. O “out-ball” é batido no lugar onde sair a bola, sendo que para ser valido um goal, procedente desta pena, é preciso que a bola toque em qualquer outro botão, antes de entrar na linha de goal. Nas saídas de goal ou, melhor, nos goal kicks, não será consignado o ponto proveniente da referida falta diretamente, mas sim depois que a bola tenha sido tocada propositalmente. Sempre que houver qualquer falta, os botões poderão ser removidos ou colocados pelas mãos dos patrões em lugares da mesa que este julguem convenientes. Os botões-guardiões só impulsionam a bola nos goal-kicks, e fora disso eles poderão ser colocados pelos patrões em qualquer momento da partida, mas antes que seja desferido o tiro a goal e não depois do tiro ser dado.

O tamanho oficial da mesa é de 1m,20 de largura por 2m,40 de comprimento. Essas medidas são de dentro do campo, sendo que a parte que ficar externando a marcação quanto maior for melhor será. As mesas devem ser feitas com um material americano feito das fibras do bagaço da cana-de-açúcar ou, então, de madeira coberta com um pano verde, próprio para cobrir mesas de jogo. Aconselho estes dois exemplos pelo fato de ser necessário que a superfície não seja escorregadia.”
Pesquisa de Rui Moura (editor do Mundo Botafogo) com a participação de Claudio Falcão (colaborador eventual do blogue); Fontes: Geraldo Décourt: Aconteceu, Sim! (autobiografia); Ubirajara Bueno: Botonismo; Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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