segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Os bons tempos de Futebol de Botão

Mais um excelente artigo;
Os bons tempos de futebol de botão – Coluna do Carrieri
By Nogueira – site 'O fino da Bola'
Imagino que todos aqui já jogaram pelo menos uma vez futebol de botão. Compreendo que alguns não se encantaram com a brincadeira. Mas alguns, inclusive eu, foram verdadeiramente “enfeitiçados” por essa magia, que lhe permite ser o presidente do clube, o técnico, até mesmo a própria Federação, além do mais importante: ser os jogadores em campo. Você se sente capaz de fazer algo por seu time: chuta, defende, luta em campo, algo que um simples torcedor não pode fazer. A sensação de representar um time, em um jogo de botão representa para esse “enfeitiçado”, sem exageros, o que há de mais próximo da emoção que o futebol real nos proporciona. Só quem já defendeu seu time preferido contra um adversário, torcedor de um clube rival, pode entender o que eu estou dizendo. Você já passou um dia, uma semana, não conseguindo pensar em outra coisa que uma final ou jogo decisivo de seu time? Pois eu lhe garanto que eu e muitos que conheço já viveram essa ansiedade em um campeonato de futebol de botão.
Nasci em 1968, portanto incapaz de descrever como o futebol de botão atravessou essa década. Prefiro falar daquilo que vivenciei. Comecei a jogar nos anos 70, onde o jogo estava relativamente em alta. Havia uma disponibilidade razoável de times, tanto os “oficiais”, fabricados principalmente pela Brianezi, um verdadeiro “sonho de consumo” para qualquer garoto de pelo menos 10 anos, mas que por não serem tão baratos geralmente eram substituídos pelos botões de plástico, menores, como os Gulliver, Bolagol entre outros, geralmente associados a alguma fábrica de brinquedos. Havia poucos campos com medidas oficiais. Os mais utilizados, além do que cabiam em qualquer sala ou quarto, eram os famosos “estrelões”. Alguns se arriscavam a desenhar as linhas em mesas de jantar, tábuas de madeira, até mesmo num chão liso. Engraçado que muitos, por falta de amigos para jogar, disputaram várias partidas, campeonatos, sozinhos.
A se destacar também a iniciativa que muitos tinham em confeccionar seus próprios times, especialmente com tampas de relógio, garimpadas incessantemente pelas relojoarias da cidade. Esqueça copiadoras coloridas digitais, toda sofisticação que existe hoje: a criação de times, amadores, fictícios ou mesmo times que não eram produzidos, demandava um trabalho artístico dos mais difíceis, incluindo os desenhados à mão.
Muitos entendem que o futebol de botão acabou. Não é verdade. Reconheço uma perda na essência, no romantismo, exatamente como aconteceu ao seu paradigma, o futebol profissional real, apesar de ser evidente o seu enfraquecimento atual em relação às décadas de 70 e 80, principalmente. A culpa recai sobre os jogos de futebol dos vídeo-games. Mais uma afirmação que não considero verdadeira, pois além de dedicar parte do meu tempo ao futebol de botão, sempre que posso me divirto em jogos como FIFA e PES.
Acho que o ritmo de vida que levamos hoje em dia, esse sim, quer nos fazer acreditar que não podemos “perder” meia hora para jogar uma partida de botão com nossos filhos, com nossos amigos. Vida moderna essa, que tem afastado muitos pais, filhos, amigos de qualquer recreação e até de atividades esportivas. Será que é só o futebol de botão que enfraqueceu? Você ainda vê tantas pessoas disputando uma “animada guerra” de WAR como via antigamente? As pessoas estão se isolando cada vez mais em computadores, tablets, smartphones, i-pads, e outros. Deveriam apenas se aproveitar dessas excelentes ferramentas. Bom, mas isso é tema para um outro post.
Não me perguntem qual será o futuro do futebol de botão. Tenho um filho de três anos. Apresentei o futebol de botão a ele há alguns meses. Quer ver ele ficar “doido” é colocar o campo no chão e abrir a caixa de times. Conhece pelo menos uns 30 times entre brasileiros e internacionais, incluindo escudos, uniformes e hinos. Não sei se ele jogará futebol de botão. Nem sei se ele terá com quem jogar. Mas percebo nele o mesmo encanto que um dia me contagiou. E no momento, isso me basta.

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