terça-feira, 20 de novembro de 2018

Talvez os botões mais antigos de Botões para Sempre: início dos 50´s; fabricante antiquíssimo e antecessores dos Bolacril

Conversei com duas grandes fontes: Sílvio Lancellotti, jornalista e colecionador desde os anos 50, e Adolpho Gonelli, filho do fundador dos clássicos Bolagol, Bolacril e Futebol Miniatura. Ambos foram enfáticos: botões antigos do início dos 50´s, em baixo relevo, 3.5cm de diâmetro, escudo gravado. Muito obrigado, de coração, aos dois ilustres conhecedores da história do futmesa e vamos às suas respostas:

Sr. Lancellotti esses botões antigos do SPFC são semelhantes de sua infância?
Resposta Lancellotti
Exatamente. Dos vermelhos, eu tive São Paulo, Flamengo, América e Portuguesa. Havia os verdes, Guarani, Palmeiras, Fluminense... E os brancos, Corinthians, Santos, Vasco, Botafogo...
"A minha paixão vem da infância, data dos anos 50, quando meus pais me deram esses primeiros times, ainda de plástico duro, os distintivos gravados por pressão na superfície. Aliás, eram botões irregularíssimos. Não havia um igual ao outro. Jogava com meu irmão, o saudoso Gigio, e com os meus pais, os inesquecíveis Helena e Eduardo...Logo depois, com uns dez de idade, comecei a me interessar mais. Já existiam botões melhor industrializados, aqueles em que círculos plásticos, como lentes de contato, prendiam os distintivos – no caso, de papel. Jogava com o Gigio, com parentes, vizinhos, colegas de escola. Eu tinha vários times do Corinthians, o Gigio vários do Palmeiras. Um primo querido, o Adelino Pimentel, era então muito mais avançado. Ele usava fichas de jogo, as distribuídas pelo ‘Café Paraventi’ e as compradas na loja ‘Ás de Ouros’. Uma trabalheira deliciosa. Lixávamos as fichas cuidadosamente, até que ficassem super-lisas".
Outra questão é saber se o Café Paraventi produziu botões na época? Pois me veio uma ficha desse Café.
Resposta Lancellotti "A Paraventi era uma torrefadora de café. Distribuía fichas de jogo nos sacos do produto. Quem jogava botão, dava um jeito de lixar as ranhuras das fichas e transformá-las em botões achatados. Com uma lima de unhas eu fazia as quinas. De todo modo, as melhores eram as fichas de jogo da loja Ás de Ouros. Maiores, de cores diversas, com figuras gravadas que também se podiam lixar".

SR. ADOLPHO, FILHO DO FUNDADOR DOS BOLAGOL. 
"Esses botões parecem com os de galalite que meu pai fabricava até o início dos anos 50, na fábrica Santa Maria. A maioria dos clichês utilizados naquela época foram utilizados, tempos depois, no "Bolacril".  Não tenho mais nenhum Bolacril e estes não se parecem muito com os que utilizávamos. Nos botões de galalite, era gravado o distintivo e depois era passada uma tinta "Duco" para automóveis que penetrava nas ranhuras e logo depois era retirado o excesso com um pano. No caso do Bolacril, já existiam fitas para isso e o distintivo era gravado direto com os mesmos clichês sem necessidade de pintar.  Se você tiver ou encontrar um "Bolacril" - no caso do São Paulo - dá para comparar com a gravação destes porque, como eu disse, os clichês eram os mesmos.  Meu pai fornecia fichas para o Café Paraventi (a propaganda era:  "Café Paraventi é o que é, o melhor café"), para o Café Seleto, para o Café Jardim, etc.  Estas fichas, eles forneciam para os bares que serviam as marcas para controle: o cidadão comprava a ficha no caixa e entregava no balcão para ser servido. Para qualquer coisa, em que eu possa ajudar, continuo como sempre, a disposição".
Reparem que o hot stamping dos bolacril eram muito parecidos.
RESPOSTA SENHOR ADOLPHO:
"De fato. O clichê era o mesmo. A diferença é que nos de galalite era usada tinta na cavidade (marca) do clichê na ficha e no Bolacril, já era com fita que gravava direto. A tinta, obviamente, era mais durável mas, em ambos os casos, era possível passar tinta de novo na cavidade e limpar rápido, antes de secar. Em ambos os casos, também, dava para dar brilho usando uma politriz e uma cera própria para acrílico só que, no caso da gravação com fita, provavelmente ela sairia e, depois, teria que usar a tinta". 
SPFC em 1949-50
Celestino Paraventi: o pioneiro no ramo de torrefação no Brasil
e suas fichas

Um comentário:

  1. Puxa, adquiri um time desses num lote, um Corinthians preto e desconhecia o fabricante. Grato pela informação, guardarei com mais cuidado o time.

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