Conversei com duas grandes fontes: Sílvio Lancellotti, jornalista e
colecionador desde os anos 50, e Adolpho Gonelli, filho do fundador dos
clássicos Bolagol, Bolacril e Futebol Miniatura. Ambos foram enfáticos:
botões antigos do início dos 50´s, em baixo relevo, 3.5cm de diâmetro,
escudo gravado. Muito obrigado,
de coração, aos dois ilustres conhecedores da história do futmesa e
vamos às suas respostas:
Sr. Lancellotti esses botões antigos do SPFC são semelhantes de sua infância?
Resposta Lancellotti
Exatamente.
Dos vermelhos, eu tive São Paulo, Flamengo, América e Portuguesa. Havia os
verdes, Guarani, Palmeiras, Fluminense... E os brancos, Corinthians, Santos,
Vasco, Botafogo...
"A minha paixão vem da infância, data dos anos 50, quando
meus pais me deram esses primeiros times, ainda de plástico duro, os distintivos
gravados por pressão na superfície. Aliás, eram botões irregularíssimos. Não
havia um igual ao outro. Jogava com meu irmão, o saudoso Gigio, e com os meus
pais, os inesquecíveis Helena e Eduardo...Logo depois, com uns dez de idade, comecei a me interessar
mais. Já existiam botões melhor industrializados, aqueles em que círculos
plásticos, como lentes de contato, prendiam os distintivos – no caso, de papel.
Jogava com o Gigio, com parentes, vizinhos, colegas de escola. Eu tinha vários
times do Corinthians, o Gigio vários do Palmeiras. Um primo querido, o Adelino
Pimentel, era então muito mais avançado. Ele usava fichas de jogo, as
distribuídas pelo ‘Café Paraventi’ e as compradas na loja ‘Ás de Ouros’. Uma
trabalheira deliciosa. Lixávamos as fichas cuidadosamente, até que ficassem
super-lisas".
Outra questão é saber se o Café Paraventi produziu botões na
época? Pois me veio uma ficha
desse Café.
Resposta Lancellotti
"A Paraventi era uma torrefadora de
café. Distribuía fichas de jogo nos sacos do produto. Quem jogava botão, dava
um jeito de lixar as ranhuras das fichas e transformá-las em botões achatados.
Com uma lima de unhas eu fazia as quinas. De todo modo, as melhores eram as
fichas de jogo da loja Ás de Ouros. Maiores, de cores diversas, com figuras
gravadas que também se podiam lixar".
SR. ADOLPHO, FILHO DO FUNDADOR DOS BOLAGOL.
"Esses botões parecem com os de galalite que meu pai fabricava até o início dos anos 50, na fábrica Santa Maria. A maioria dos clichês utilizados naquela época foram utilizados, tempos depois, no "Bolacril". Não tenho mais nenhum Bolacril e estes não se parecem muito com os que utilizávamos. Nos botões de galalite, era gravado o distintivo e depois era passada uma tinta "Duco" para automóveis que penetrava nas ranhuras e logo depois era retirado o excesso com um pano. No caso do Bolacril, já existiam fitas para isso e o distintivo era gravado direto com os mesmos clichês sem necessidade de pintar. Se você tiver ou encontrar um "Bolacril" - no caso do São Paulo - dá para comparar com a gravação destes porque, como eu disse, os clichês eram os mesmos. Meu pai fornecia fichas para o Café Paraventi (a propaganda era: "Café Paraventi é o que é, o melhor café"), para o Café Seleto, para o Café Jardim, etc. Estas fichas, eles forneciam para os bares que serviam as marcas para controle: o cidadão comprava a ficha no caixa e entregava no balcão para ser servido. Para qualquer coisa, em que eu possa ajudar, continuo como sempre, a disposição".
RESPOSTA SENHOR ADOLPHO:
"De fato. O clichê era o mesmo. A diferença é que nos de galalite era usada tinta na cavidade (marca) do clichê na
ficha e no Bolacril, já era com fita que gravava direto. A tinta,
obviamente, era mais durável mas, em ambos os casos, era possível passar
tinta de novo na cavidade e limpar rápido, antes de secar. Em ambos
os casos, também, dava para dar brilho usando uma politriz e uma cera
própria para acrílico só que, no caso da gravação com fita,
provavelmente ela sairia e, depois, teria que usar a tinta".
SPFC em 1949-50
e suas fichas
Puxa, adquiri um time desses num lote, um Corinthians preto e desconhecia o fabricante. Grato pela informação, guardarei com mais cuidado o time.
ResponderExcluir