Copa de 1982

Copa de 1982
Lembranças da Copa do Mundo de 1982: veja o artigo que escrevi sobre o melhor mundial de todos os tempos
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Documentos raros sobre a Origem do Futebol de Botão

 Digitalizado de A Noite (26-09-30) por Claudio Falcão
BOTÕES PARA SEMPRE PUBLICA MAIS DOCUMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A ORIGEM DE NOSSA ETERNA BRINCADEIRA DE CRIANÇA no Brasil
Geraldo Cardoso Décourt nasceu em Campinas, a 14 de Fevereiro de 1911, e faleceu a 27 de Maio de 1998, tendo sido pintor, compositor, ator e, sobretudo, o inventor do futebol de mesa, razão pela qual se tornou conhecido em todo o país.

Considerado um dos primeiros pintores abstracionistas do Brasil, Geraldo Décourt foi premiado no Salão Paulista de Arte Moderna com uma medalha de bronze (1961), uma medalha de prata (1962) e o Prêmio Aquisição (1963). Também participou em nove filmes e foi autor da letra e da música do Hino do Botonista, em 1982.

A dedicação ao ‘botonismo’ durante toda a sua vida acabou por determinar a oficialização do dia do seu nascimento como o ‘Dia do Botonista’, instituído pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em 2001,

Lei Nº 10.833, de 2 de julho de 2001
Institui o “Dia do Botonista”
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º – Fica instituído o “Dia do Botonista”, a ser comemorado, anualmente, no dia 14 de fevereiro.
Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2001.
GERALDO ALCKMIN

O ‘Papa do Botonismo’ começou por jogar com botões de cueca e depois com botões de calça do uniforme escolar, surgindo daí o jogo de botões que haveria de se consagrar em todo o país.
Digitalizado de A Noite (27-12-30) por Claudio Falcão 
Origem
Dois jogos podem ter originado o futebol de mesa: o ‘jogo da pulga’ e o jogo das ‘três tampinhas de garrafa’.

O jogo da pulga, muito praticado na Europa, consistia em pressionar uma ficha contra outra, fazendo esta saltar e acertar um alvo – o gol – que podia ser um recipiente de vidro, madeira, plástico ou papelão sobre uma superfície lisa coberta por um tecido. O Príncipe Charles foi um dos maiores jogadores do seu tempo. O jogo das três tampinhas de garrafa o dedo da mão fazia uma tampinha passar entre duas outras, por três vezes, sem esbarrar nas demais, até chegar ao seu alvo – o gol.

Mas o futebol foi o grande inspirador para a criação do futebol de mesa: botões de qualquer tipo de roupa, casacos e camisas, foram as primeiras peças utilizadas. Os botões maiores eram zagueiros e menores eram atacantes. Jogava-se nas calçadas, riscava-se com giz o desenho do campo, mas o problema do não deslizamento levou o jogo para pisos de cerâmica ou mármore, até se chegar às mesas.

O material utilizado para confecção das mesas hoje é chamado de aglomerado e os botões passaram a ser feitos de coco, tampas de relógio, osso, plástico, fichas de pôquer, galalite, até se chegar ao acrílico ou madrepérola sob medida.

Os goleiros no passado sempre foram improvisados com caixas de fósforo nas quais eram colocados materiais pesados (barro, chumbo, pilhas…). Posteriormente cobria-se o goleiro com fitas crepes ou isolantes, que atualmente também é feito com o mesmo material utilizado nos botões.

As traves utilizavam madeira e, atualmente, utiliza-se também o arame feito de ferro galvanizado, pintado de branco. As redes são feitas de filó. As palhetas passaram a ser as fichas de póquer e são feitas de acrílico ou madrepérola. A bola, inicialmente um botão mais pequeno, evoluiu para materiais de feltro ou plástico sob medida, também de acordo com cada regra, podendo ser esféricas ou achatadas.

No Brasil

Por volta de 1929, com dezenove anos de idade, Décourt deu ao jogo o nome de ‘Celotex’, que era o material usado para a confeção das mesas, e lançou o primeiro livro de regras, tornando-se também bicampeão carioca de futebol de mesa em 1929 e 1930.

Décourt divulgou e organizou torneios e eventos de futebol de mesa em diversos estados brasileiros, popularizando o esporte. Criou clubes e soube administrá-los, semeando entre os que rodeavam o companheirismo. Em 1975 fundou o ‘Botunice’ e em julho de 1982 criou o Hino do Botonista.

Entretanto, a designação ‘Celotex’ foi substituída por ‘Futebol de Mesa’ e as regras foram mudadas. Na sua autobiografia intitulada ‘Aconteceu, sim’, publicada em 1987, Décourt reservou um capítulo exclusivo ao futebol de mesa, que foi reconhecido como esporte pelo CND desde 1987 e praticado em todo o país.

Regra de Décourt

A primeira regra de futebol de mesa escrita por Geraldo Décourt foi noticiada pelo jornal ‘A Noite Esportiva’ em 1930 (e posteriormente aprimorada):

O Football Celotex é um sport de mesa, no qual, em cada jogo, tomam parte dois amadores, que por sua vez representam dois teams formados por onze botões, assim distribuídos: um guardião, dois zagueiros, três médios e cinco deanteiros.
Como se vê, o número de botões é idêntico ao número de players do Football Association. Para ser iniciado cada match é necessário que os vinte e dois botões estejam nas respectivas posições em mesa e, então, o desfavorecido pelo “toss” dará o “kick-off”, com o centro avante, o qual estenderá um passe para um dos lados, onde um outro botão do mesmo team impulsionará a bola, dando assim início ao jogo.

Como se vê, enquanto um segundo botão do team favorecido com a saída inicial não tocar na bola, não valerá goal. Procedida a saída, o outro amador, chamado de B, jogará com um de seus botões uma vez e assim, sucessivamente, um de cada vez até que seja registrada alguma falta. A única ocasião em que cada amador poderá jogar duas vezes seguidas é, pois, no momento da saída do centro. Depois de cada goal a bola deverá ser colocada no centro da mesa, e o team que tiver sido vasado dará a saída. No Football Celotex considera-se foul quando um botão do team A roçar noutro do team B, sem que antes tenha “tocado” na bola.

Considera-se hands (coisa raríssima) quando um botão do team A ficar sobre a bola. Neste caso, se for o guardião o infractor proceder-se-á ordenando um “carring”, valendo goal direto. No foul e no hands valem goals directos, e se as respectivas penalidades forem consignadas dentro da área perigosa ordena-se um penalty. O “out-ball” é batido no lugar onde sair a bola, sendo que para ser valido um goal, procedente desta pena, é preciso que a bola toque em qualquer outro botão, antes de entrar na linha de goal. Nas saídas de goal ou, melhor, nos goal kicks, não será consignado o ponto proveniente da referida falta diretamente, mas sim depois que a bola tenha sido tocada propositalmente. Sempre que houver qualquer falta, os botões poderão ser removidos ou colocados pelas mãos dos patrões em lugares da mesa que este julguem convenientes. Os botões-guardiões só impulsionam a bola nos goal-kicks, e fora disso eles poderão ser colocados pelos patrões em qualquer momento da partida, mas antes que seja desferido o tiro a goal e não depois do tiro ser dado.

O tamanho oficial da mesa é de 1m,20 de largura por 2m,40 de comprimento. Essas medidas são de dentro do campo, sendo que a parte que ficar externando a marcação quanto maior for melhor será. As mesas devem ser feitas com um material americano feito das fibras do bagaço da cana-de-açúcar ou, então, de madeira coberta com um pano verde, próprio para cobrir mesas de jogo. Aconselho estes dois exemplos pelo fato de ser necessário que a superfície não seja escorregadia.”
Pesquisa de Rui Moura (editor do Mundo Botafogo) com a participação de Claudio Falcão (colaborador eventual do blogue); Fontes: Geraldo Décourt: Aconteceu, Sim! (autobiografia); Ubirajara Bueno: Botonismo; Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A origem do Futebol de Botão também seria inglesa?

Dúvidas. Lendas. O certo é que existem muitas teorias que envolvem o surgimento de nossa 'brincadeira', isto é, do nosso amado esporte. Desde o antigo jogo da 'pulga' muito praticado na Europa, com as mãos, em forma de 'petelecos', até a existência de relatos espanhóis no fim do século XIX. Na Hungria, os especialistas deste querido país do Leste Europeu afirmam que o sectorball é praticado desde 1910. No Brasil sabemos da história do 'Papa do Botão', Geraldo Décourt, pioneiro e o maior divulgador do surgimento do futebol de botão em nosso país.

Botões para Sempre mostra abaixo uma foto datada de 1910. Na Europa do início do século passado está registrada, em divulgação, neste jornal ou folheto impresso, de nome 'Leader', de Londres, capital inglesa, dois técnicos-jogadores concentrados na manipulação de seus botões distribuídos sobre uma mesa de jogo com dois goleiros nas suas extremidades. Seria a origem europeia do jogo de futebol de botão? O futebol de botão também teria se originado na Inglaterra, país dos inventores ou, ao menos, os organizadores do futebol 'association', de campo?
A primeira foto conhecida no Futebol de Mesa ou Futebol de Botão é esta de Londres, de 1910, remetida da Sérvia por Milos Krstic, músico, grande botonista de seu país do Leste, e um dos maiores divulgadores do futebol de mesa (sectorball) na Europa.
O sérvio Milos Krstic: sabe tudo da história do botonismo e também relacionado ao Brasil e nossos clubes.
No ano de 1930, o brasileiro Geraldo Décourt publica o primeiro livro de regras do Futebol de Botão Nacional, na época chamado de 'Foot-Ball Celotex' e que viria a tornar-se um documento histórico pelo seu pioneirismo. O nome 'Futebol Celotex' foi dado, originalmente, ao jogo de futebol de botão, em decorrência do material usado na época para confecção das mesas de jogo, o qual tinha este mesmo nome. Talvez o 'Celotex' tivesse alguma semelhança com as chapas de 'eucatex' e 'duratex', utilizadas para a fabricação de mesas de jogos de botão para crianças nos dias atuais.
O pioneiro Décourt recebeu o título de "Papa do Botonismo Brasileiro", pois com ele surgiu os primeiros registros impressos da existência do futebol de botão no centro político, administrativo e econômico do Brasil.
Material de fotos antigas e fonte de pesquisa histórica: botonista gaúcho Enio Seibert, foto acima.

Um pouco do que fez DÉCOURT
Em 1922, quando comemorávamos o ano do centenário da Independência do Brasil, Geraldo Décourt conheceu Higino Mangini e seu irmão Francisco, que o ensinaram a praticar o futebol de botões, tendo jogado pela primeira vez na escadaria da Rua Visconde de Paranaguá, onde morava no nº 40, antes de possuir sua primeira mesa envernizada e disputar os primeiros campeonatos de 1922 com Mario Sallorenzo, José da Silva, Rudolf Langer, Oscar Vieira e Jaime Ferraz.
Por volta de 1930, fazia toda a cobertura jornalística em diversos jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, contando com a colaboração de amigos como Thomaz Mazzoni e José de Moura, que nunca recusaram notícias sobre o futebol celotex.
Na mesma época, a Liga Pernambucana tinha na parede de sua sede um retrato de Décourt, uma foto dele recebendo um troféu e outra de sua linha atacante.
Grande incentivador desta modalidade, Décourt foi o autor das primeiras regras dessa salutar prática, impressas como Celotex.
Na época, o meia Tatu, do Corinthians e campeão sul-americano pela seleção brasileira, faleceu vítima de tuberculose e Geraldo Décourt doou para uma campanha em seu benefício cem exemplares de sua regra.
Por força de seus afazeres, tais como a pintura moderna, negócios, jornalismo, radialismo (cantor e compositor), Décourt afastou-se por uma longa temporada do futebol de mesa.
Morou no Rio de Janeiro cerca de 30 anos, 5 no Rio Grande do Sul, casou-se em 1947 em Vitória (ES) e retornou a São Paulo em 1949.
Ao futebol de mesa retornou através de Éder Jofre, o "Galo de Ouro", que o aproximou do então presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, Décio Zuccaro. Nessa oportunidade, Decourt prometeu cooperar e participar do movimento em favor da difusão da modalidade, com o seu melhor empenho.
Fez parte da extinta Federação Paulista de Futebol de Mesa, jogando no Grêmio Dramático Luso Brasileiro, em 1964, quando conheceu Luiz Gonçalves da Silva, um dos fundadores da Federação Paulista de Futmesa e artesão de botões no estilo 'tampa', Flávio Seabra Ferraz e Roberto Milagres. Também conheceu Newton Andrade e Carlos Casal del Rey, que possuíam seus estádios com quatro refletores.
Em 1980, visitando Santos, em companhia de Hideo Ue Filho e Eliahou Vidal, conheceu Jurandir da Silva Marques, com mais de 70 anos, que fez um pequeno comício a respeito do que Decourt fez e fazia naquela época, citando clubes e locais onde o vira jogar.
No mesmo ano, esteve presente ao Congresso de Abertura do I Campeonato Brasileiro da modalidade três toques, no Rio de Janeiro.
Criou o Botunice Informa, boletim informativo de seu clube, o Botunice, e dos demais clubes de São Paulo.
No dia 13 de julho de 1982, em Lagoinha, Ubatuba, São Paulo, compôs o Hino do Botonista, homenagem aos botonistas do Brasil de todas as regras.
No mesmo ano, afastou-se do futebol de mesa, motivado pela paralisia parcial que o atingiu tão traiçoeiramente e o impediu de participar até como simples assistente.
Em 1987, publicou o livro "Aconteceu, sim!..., 150 páginas de um “solista da escala cromática”.
Apesar de seu longo histórico, Décourt sempre deixou bem claro que nunca disse para ninguém ter sido o inventor do futebol de botões, mas sim autor da primeira regra impressa.
Jornal de 1930
O celotex que depois virou o nosso amado Futebol de Botão
Registro muito antigo do Futmesa em 1918, by periódico 'Vida Sportiva'