Copa de 1982

Copa de 1982
Lembranças da Copa do Mundo de 1982: veja o artigo que escrevi sobre o melhor mundial de todos os tempos
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domingo, 30 de abril de 2017

Futebol de Botão, a paixão na vida do artesão João Carrieri

Conheça a história de seus botões no estilo 'tampa' de relógio feitos com maestria, carinho e dedicação

Botões para Sempre conversou pessoalmente com o botonista e artesão de botões, João Carrieri. Desde o início do blog, em 2010, ele se identificou muito com as minhas postagens, pesquisas e curiosidades das antigas fábricas que encerraram as atividades, como a Brianezi. Recebi de presente, aliás, isso foi mais que um presente, um lote maravilhoso de quatro times de sua arte que são: Velez Mostar, da Bósnia, Dínamo de Tbilisi da Georgia (ex-URSS), Marília (SP) e Vila Nova (GO). Artes belíssimas estampadas em lentes de 42 mm e 45 mm. Feitas com afinco e uma precisão incrível. Notem os botões perfeitos no estilo 'Brianezi', com as faixinhas e números feitos 'um a um', no mesmo brilho que a saudosa fábrica despachava no Belenzinho. "Nesses últimos dias consegui finalmente fazer cópias dos times da Brianezi. Tinha esse sonho, estudei bastante uma fórmula de reproduzir mais fielmente aqueles botões clássicos. Acho que, enfim, cheguei num modelo bem aceitável", analisa.
Em falar em Belenzinho, Carrieri mora relativamente perto de onde ficava a lojinha e a lendária indústria de brinquedos e jogos. "Nasci em 1968 e a marca Brianezi em 1972. Apesar disso, tive poucos times dessa marca, pois na época eram caros para meu pai. Mas me lembro de quando eles começaram a vender as lentes transparentes, que, depois virou um sonho para mim", recorda.
Os primeiros botões que surgiram em sua casa datam da segunda metade dos anos 70. Os famosos modelos 'panelinhas', da marca Estrela, do Corinthians e Palmeiras (este último, seu time de coração), com apenas o rostinho pequeno dos jogadores sempre em preto-e-branco, foram os que desembarcaram em sua coleção durante a infância. "Infelizmente estes botões foram doados antigamente. Recordo-me que havia também uma antiga papelaria de nome 'Yara' que visitava com certa frequência. Ficava encantado com as prateleiras lotadas de botões Bolagol", recorda.

Paixão pelo futebol do 'velho' Leste
O artesão gosta de times alternativos e os mais exóticos da Europa, bem como as seleções menos afamadas. Para se ter uma ideia, Carrieri fabrica a seleção cubana, que nenhum antigo fabricante nos anos 70 produziu, segundo consta nestes catálogos da Brianezi e Bolagol. "Assim como você, tenho admiração pelas seleções e clubes do Leste Europeu. Isso que me fez encontrar seu blog, pois sempre que pesquisava alguma coisa acabava entrando aqui", lembra.
Chegou a jogar futebol de mesa, digamos 'profissionalmente', entretanto, não curtia aquele processo com regras 'ferrenhas' de não poder comemorar o gol, o que tornava o jogo um pouco sem graça. "Fiquei uns 20 anos sem jogar, até encontrar um pessoal que jogava em garagem, com botões no estilo 'capa' de relógio. Vi que havia disponibilidade de material para confeccionar meus guerreiros, que sempre foi uma das minhas especialidades", diz.
A partir daí começou a elaborar alguns times e seleções, tanto novos modelos como cópias dos antigos. Incentivado pelos amigos, acabou colocando a venda no site Mercado Livre, até como uma forma de incentivar esse adorável jogo, que virou esporte somente em 1988, e que anda, infelizmente, esquecido entre as crianças. "Porém, é gratificante ver as pessoas me agradecendo só pelo simples fato de poderem brincar novamente sozinho ou com seus filhos. Mas, sobretudo, de as crianças amarem novamente o esporte", conclui.


Carrieri com seu ídolo, o craque Ademir da Guia
Amigos de Pernambuco que jogam campeonatos com os botões produzidos por Carrieri
"Fico feliz quando as crianças admiram e praticam este adorável esporte". Os botões de Carrieri se espalharam pelo querido Nordeste
Reparem na precisão e na riqueza dos detalhes no estilo 'Brianezi'. Time bósnio Mostar que entra para a coleção de Botões para Sempre e que participará de minha COPA UEFA no segundo semestre deste ano.
Potinho especial com o escudo do clube. Com o time em 42mm, lembrando a lendária Brianezi.
O time da ex-Iugoslávia perfilado em 1977!
Mostar em 1973. Reparem no fundo deste visual lindo da sofrida Bósnia. E que maravilha foi ter visto essa seleção participar de sua primeira Copa do Mundo aqui no nosso Brasil.
Dínamo Tbilisi da Georgia. Lentes da marca Crakes originais. Durante a Copa de 1982, cinco jogadores que pertenciam a este esquadrão soviético, participaram da Copa do Mundo na Espanha. Mais um reforço de peso para minha UEFA.

O Dinamo Tbilisi campeão em 81
O Marília no estilo 'camisas', que quando vi, me lembrou a famosa marca Sportec, do Itaim Bibi. A diferença está no detalhe no nome dos jogadores do clube. Abaixo detalhe de mais um time em 42mm, que é o Vila Nova/GO.
Quem não gostaria de ter uma seleção exótica como Cuba? Lindo time fabricado por Carrieri, um de seus sucessos.

sábado, 5 de março de 2016

Lote 11 - Brianezi - Modelo de número 02 do Borussia

Um modelo diferente do grandioso time alemão do Borussia Dortmund. A minha coleção contava com um modelo da Brianezi, da última fase, mas que estava incompleto e com nuances diferentes deste abaixo. Não hesitei colocar na 'conta' este time no lote todo que comprei, já que o meu antigo estava faltando jogadores. O ruim no colecionismo é que quando compramos times sem os 10 botões, dá uma vontade tremenda de completá-lo. Sendo assim precisamos gastar dinheiro duas vezes. É o jeito. Bom, agora o time por completo. Como curiosidade, Borussia é o termo latino para o antigo Estado da Prússia. E dá-lhe Dortmund!
Repare que a Brianezi também produzia modelos diferentes nas últimas gerações. Acima os dois modelos com artes distintas do Dortmund. Incrível a quantidade de cores e artes diversas, desde a primeira edição, em 1972, até o seu encerramento, em dezembro de 2001. Só nos resta aplaudir a saudosa empresa de Paulo e seu filho, Lúcio Brianezi!
1969
1970´s
1966 - Campeão da Recopa
Arte Hungary
O campeão da Recopa na arte de David Ribeiro
Campeão da Champions de 1996-97

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Foto Histórica - Rovaniemen - RoPS - Time da Finlândia

O bom time da Finlândia que disputou a Recopa de 1987-88 e alcançou as quartas-de-final. Acervo: foto escaneada de minha revista francesa 'Onze', datada de março de 1988.

sábado, 25 de abril de 2015

Esquadrões da Cortina de Ferro: Dynamo Kiev, o orgulho regional que dominou a maior nação do mundo

Botões para Sempre apresenta mais uma reportagem fantástica, do site Trivela, sobre os grandes "Esquadrões da Cortina de Ferro"
Texto de Leandro Stein – Trivela

Ao contrário de muitas das antigas potências do Leste Europeu, o Dynamo Kiev não soa como um item de museu. Voltando um pouco no tempo, os ucranianos dominavam o campeonato nacional e eram figurinhas carimbadas na Liga dos Campeões. Quinze anos atrás, então, tinham até Shevchenko e ficaram entre as quatro melhores equipes da Europa. Mas acredite: isso é pouco perto do que o Dynamo alcançou entre as décadas de 1970 e 1980. Com um dos melhores treinadores da história, o time marcou época com seu estilo de jogo. O símbolo do orgulho ucraniano era o rival a ser batido na União Soviética, um gigante do futebol até então.
Tamanha era a relevância do Dynamo que ele conquistou duas vezes a Recopa Europeia. E nem ouse compará-la com a atual Liga Europa. Em um tempo em que cada nação só tinha uma vaga na Copa dos Campeões, levantar o segundo caneco mais importante do continente era muita coisa. Mais do que isso, os alviazuis tomaram de assalto o Campeonato Soviético e se tornaram os maiores campeões do país, algo hoje petrificado na história. O clube era tão notável que levou dois jogadores à conquista da Bola de Ouro. E, lógico, formou a base da seleção soviética que, apesar da falta de títulos, impunha respeito. Se o Dynamo Kiev é tão reconhecido atualmente, muito se deve a essa enorme história.
No final de 2011 tive a oportunidade de adquirir o brilhante time produzido pela Brianezi na era soviética (anos 70/80). O escudo estampado nos botões foi usado pelos dois Dynamo (Kiev e Moscou) em períodos antigos, mas ambos os times pouco usaram o emblema em camisas. Apenas a letra 'D' aparecia nas camisas, tanto o de Kiev como o de Moscou. O Dynamo de Kiev usou o determinado escudo com a 'estrelinha' no período entre 1939 a 1971. Já o de Moscou em toda a década de 70. Nos campeonatos de 'Botões para Sempre' opto por escolher apenas um time: no caso o Dynamo de Kiev, de Oleg Blokhin, o gigante esquadrão que dominava a antiga URSS-CCCP na época.
Escudos antigos do time de Kiev
Fonte: Site de escudos antigos russos - fottballemblem.narod.ru
Pin de aniversário de 50 anos do Dínamo de Kiev, produzido em 1977. O clube foi fundado em 1927.

O nascimento do orgulho nacional 

O futebol como instrumento na máquina estatal comunista foi concebido logo nos primeiros meses da União Soviética. Muitos dos clubes existentes passaram a ser relacionados com órgãos públicos, na tentativa de aproximar a população e o regime. O primeiro deles foi o Dynamo Moscou, apossado pela polícia secreta. E o processo foi contínuo, tanto na criação de novos times quanto na adoção dos mais antigos por instituições do Estado. O envolvimento do governo e o estímulo ao esporte acabaram contribuindo ainda mais para a popularidade do futebol, tanto quanto o crescimento da população urbana. Os jogos e as equipes serviam para alimentar esperanças e descarregar preocupações de uma gente que atravessou um longo período de conflitos e incertezas após a revolução.

“O futebol não era apenas um brinquedo de oligarcas inconcebivelmente ricos; desempenha também, para o público, um papel de considerável importância social. Numa sociedade em profunda mudança, o futebol adquiriu, para as pessoas comuns, um significado inigualável em termos de símbolo da nação e até de sonho”, afirma o historiador Jim Riordan, no livro ‘Entrar no jogo: pela Rússia, pelo dinheiro e pelo poder’. E o Dynamo Kiev não fugiu dessa lógica. Em 1927, a Sociedade Esportiva do Proletariado de Kiev teve seu estatuto reconhecido. Ali nascia o clube, sob o nome de Dynamo, em referência ao protetorado da GPU – a polícia secreta soviética. Demorou mais de um ano para que a primeira partida de futebol fosse disputada. E, nesse início, os funcionários da GPU se misturavam em campo com os jogadores do Sovtorgsluzhashchie, o time do sindicato dos varejistas de Kiev.
Em pouco tempo, o Dynamo começou a ganhar notoriedade. O elenco passou a contar com reforços de outros times de Kiev, em uma estratégia pouco honesta: os melhores jogadores recebiam ofertas de empregos na GPU. No entanto, a aversão ao Dynamo não durou muito
tempo. As campanhas vitoriosas nos torneios locais o tornaram cada vez mais popular. Torcer pelo clube já não era mais se atestar como submisso à polícia secreta. Era manifestar seu orgulho pela nacionalidade ucraniana na multiplicidade étnica da União Soviética. Afinal, naquele time estava a grande chance de desbancar o poderio de Moscou. “Em um país comunista, o clube que você torce era uma comunidade a qual você mesmo decidiu pertencer. O regime não escolheu que você o apoiasse. Poderia ser sua única chance de escolher uma comunidade e, também, nessa comunidade você tinha a oportunidade de expressar o que desejava. Para um torcedor, era se reunir com outras pessoas e ser livre”, pontua o antropólogo Levon Abramian.
Fomentado pelos líderes da República Socialista Soviética da Ucrânia, o Dynamo era o único representante local na primeira edição do Campeonato Soviético, em 1936. Até o início da Segunda Guerra Mundial, a liga esteve limitada a times de Moscou, Leningrado (São Petersburgo), Tbilisi e Stalino (Donetsk) – esta em território ucraniano, mas em região de forte influência russa. Embora fosse a grande força de sua república, o Dynamo não conseguia competir em pé de igualdade com os times da capital. Vice-campeões no ano de estreia, os alviazuis frequentaram majoritariamente o meio da tabela até 1941, ano em que a competição foi interrompida pela guerra.

FC Start: o 'jogo da morte'

O Dynamo entraria em campo no dia 22 de junho de 1941. O confronto com o CDKA Moscou era especial, já que marcava também a inauguração do Estádio Olímpico, construído pelo governo para abrigar 70 mil torcedores. Mas a partida nunca aconteceu. Naquele mesmo dia, os alemães invadiam o território soviético e Kiev era bombardeada pela Luftwaffe, a força aérea nazista. Em três meses, a cidade estava totalmente ocupada pelos arautos de Hitler. E o clube sofreu muito com a Segunda Guerra. Ao lado de três jogadores do Lokomotiv Kiev, o Dynamo formou o FC Start. A equipe venceu vários amistosos, até ser desafiada pelo Flakelf, formado por jogadores da elite da Luftwaffe. No primeiro encontro, vitória por 5 a 1 dos ucranianos. Já a revanche, eternizada como o ‘Jogo da Morte’, também contou com triunfo dos locais por 5 a 3. Dias depois, vários jogadores do FC Start foram presos, torturados e enviados para campos de trabalho forçado pela Gestapo – segundo alguns historiadores, por causa das vitórias.

A formação da potência soviética

Os anos seguintes ao fim do conflito foram de reconstrução. Sem parte do elenco, o Dynamo enfrentou várias instabilidades no comando técnico. Dez treinadores passaram pela equipe a partir de 1945, enquanto a melhor campanha no Campeonato Soviético foi um quarto lugar. A situação só começou a melhorar em 1951, quando Oleg Oshenkov chegou ao clube. O técnico passou a apostar nos jovens e desenvolveu um esquema de preparação física, colhendo os frutos. Três anos depois, os alviazuis levantavam a sua primeira taça, a Copa da URSS. Em uma evolução gradual, Viktor Fomin se tornou o primeiro jogador do Dynamo a ser convocado, enquanto Yuri Voynov foi o representante do clube na Copa de 1958 e no título da Euro 1960, em uma época na qual a seleção era dominada por russos.
A partir da década de 1960, o Dynamo Kiev passou a frequentar o topo do Campeonato Soviético. Um time bastante jovem, que renderia por um bom tempo. Entre os destaques do elenco, estava o atacante Valeriy Lobanovskyi. Sob as ordens de Victor Maslov a partir de 1964, o domínio da liga se tornou real na segunda metade da década. Uma época que coincidiu com o declínio do Dynamo Moscou de Lev Yashin e do Torpedo Moscou, é verdade. Mas que só foi possível pela revolução tática implementada com o treinador. Maslov dispensou os jogadores que não se adaptavam ao estilo de jogo de seu time, baseado na pressão total e no fôlego durante os 90 minutos. Foi um dos pioneiros no uso do 4-4-2, que fazia o time atacar e defender em massa e dava volume ao meio-campo.

Em sete temporadas com o técnico, foram dois títulos da copa e o tricampeonato soviético em 1966-1967-1968. Além disso, o Dynamo também foi o primeiro clube do país a entrar em competições europeias, estreando na Recopa de 1965 – havia um temor que os moscovitas dessem vexame na Europa Ocidental, impedidos de participar pelo governo, e, por isso mesmo, os ucranianos serviram como espécie de cobaias. Caíram apenas nas quartas de final, para o Celtic, vencedor da Champions no ano seguinte. Cinco jogadores do time ainda estiveram na campanha até as semifinais da Copa de 1966 com a URSS.
Também naquela época, se acirrou a rivalidade com o Spartak Moscou, contra o qual o Dynamo fazia o grande dérbi da União Soviética. As diferenças entre as equipes se davam mais por questões regionais do que propriamente ideológicas. O Spartak tinha bases fortes no proletariado, assim como os alviazuis, e foi justamente pelo vínculo mínimo com o regime comunista que se tornou tão popular – suas arquibancadas eram uma espécie de área de escape contra a opressão, especialmente durante o stalinismo. Entretanto, quando estavam frente a frente, era o time mais forte russo contra o mais forte ucraniano. E a ascensão do Dynamo contrastou com a perda da soberania do Spartak, então o maior campeão da liga.

O maior ídolo e o maior técnico chegam ao Dynamo

Victor Maslov permaneceu no comando do Dynamo até 1970, quando foi demitido em uma decisão bastante contestada por jogadores e torcedores. Mas o suficiente para deixar como herança, além do estilo de jogo, um ícone dos alviazuis: Oleg Blokhin. Nascido em Kiev, o prodígio era filho do chefe da PST (a sociedade esportiva da cidade) e de Catherine Adamenko, campeã nacional de pentatlo, salto em distância e corrida com obstáculos. E parece ter sido gerado para ser atleta. Baixo e encorpado, o ucraniano era conhecido como ‘a flecha’. Quando tinha 16 anos, o garoto chegou a participar de competições de atletismo, correndo os 100 metros em apenas 11 segundos. Naquele mesmo ano, já considerado uma das maiores promessas da Europa, fez sua estreia no time principal com Maslov.

Blokhin teve que esperar um pouco mais para conquistar seu espaço definitivo. Participou de apenas um jogo na campanha do título soviético de 1971, quando o goleiro Yevgeniy Rudakov e o meio-campista Viktor Kolotov foram fundamentais para a conquista. O garoto só passou a ser titular absoluto na temporada seguinte, com 19 anos. E logo foi o artilheiro da liga, com 14 gols em 27 partidas, ajudando os ucranianos a ficarem com o segundo lugar. Apenas o primeiro prêmio individual de uma série acumulada na sequência. Sobretudo, a Flecha liderava uma geração que tomaria o lugar dos veteranos do tricampeonato, que deixaram o clube nos anos anteriores.
A peça final para transformar o Dynamo Kiev em um esquadrão veio para o comando técnico. Valeri Lobanovskyi e Oleg Bazylevych, dois jogadores rechaçados por Maslov, voltavam para o clube. Ambos muito jovens, tinham acabado de pendurar as chuteiras. Porém, não dava para dizer que a falta de experiência atrapalhou. Lobanovskyi era um grande estudioso e revolucionou a preparação física. Pensava o futebol como uma ciência, na qual as vitórias aconteceriam através das fórmulas exatas e do uso da tecnologia. Os movimentos eram treinados à exaustão, para que tudo funcionasse perfeitamente nas partidas. Além disso, o comandante exigia o máximo de seus atletas. Os atacantes ideais eram aqueles que jogavam também como zagueiros, e vice-versa. Já Bazylevych, companheiro do técnico em três clubes, era o assistente responsável pela parte tática, formando uma equipe com mentalidade mais defensiva, ainda que mantivesse as bases de Maslov. 

O Dynamo conquista a Europa pela primeira vez

Sob as ordens de Lobanovskyi, o Dynamo Kiev bateu na trave logo em sua primeira temporada, vice-campeão da liga e da copa, além de quadrifinalista da Copa da Uefa. Já no segundo ano, os ucranianos fizeram a dobradinha na União Soviética. Dono de uma defesa fortíssima (liderada por Volodymyr Troshkin e Mykhaylo Fomenko) e com Blokhin resolvendo no ataque, o time bateu o Spartak Moscou por um ponto e recuperou o título nacional após quatro anos. Já na decisão da copa, a confiança era tamanha que a equipe entrou em campo com uma camisa escrita que já eram campeões. Triunfo consumado com os 3 a 0 sobre o Zorya Voroshilovgrad. E o Dynamo se sagrou bicampeão soviético em 1975, abrindo cinco pontos de vantagem para o Shakhtar Donetsk, em nova campanha estrelada por Blokhin.
O maior feito daquele ano, no entanto, foi reservado para as competições continentais. Por causa do calendário solar, os campeões de 1973 disputavam as taças europeias de 1974/75. E, vice-campeão da Copa Soviética, o Dynamo herdou a vaga na Recopa do Ararat Yerevan. Fase a fase, os ucranianos foram prevalecendo. Bateram CSKA Sofia, Eintracht Frankfurt, Bursaspor e PSV na caminhada até a final. Já na decisão, um atropelamento no St. Jakob Park. O Dynamo anotou 3 a 0 sobre o Ferencváros, da Hungria. Vladimir Onishchenko marcou dois gols e Blokhin fechou a conta. Kolotov levantou a taça, mas não pararia por aí. Na Supercopa da Europa, os alviazuis também derrotaram o poderoso Bayern de Munique, com Beckenbauer, Gerd Müller, Rummenigge e Maier do outro lado. Triunfo por 1 a 0, garantido outra vez por Blokhin. A prova de que a combinação entre força física e entrosamento proposta por Lobanovskyi deu certo.
As atuações de Blokhin foram tão contundentes naquele ano que o atacante levou o prêmio de melhor jogador soviético pela terceiro vez seguida. E também ficou com a Bola de Ouro, apontado como o craque do continente. A Flecha recebeu 122 votos – quase o triplo do segundo colocado, Franz Beckenbauer, e mais que o quádruplo do terceiro, Johan Cruyff. Nada mal contra os dois craques da Copa do Mundo de 1974. E um lamento a mais para a seleção soviética, que ficou de fora daquele Mundial por conta de um conflito político, se recusando a enfrentar o Chile nas Eliminatórias após o golpe que levou Augusto Pinochet ao poder. Dificilmente a URSS chegasse em pé de igualdade com Alemanha e Holanda, mas o craque do país comunista não deixava a desejar em nada. 

A entressafra europeia, domínio nacional

Em 1976, o Campeonato Soviético foi dividido em duas partes. E talvez a ressaca das glórias do ano anterior tenha atrapalhado o Dynamo Kiev na primeira metade, quando ficou apenas na oitava colocação. Em compensação, os ucranianos iniciaram sua série mais consistente na história da liga. O clube ficou entre os três primeiros colocados em sete temporadas consecutivas, sendo três títulos e três vices. A taça de 1977 foi a despedida de alguns jogadores emblemáticos: Volodymyr Muntyan, Volodymyr Troshkin e Víctor Matvienko. Também foi a última vez que Blokhin foi o artilheiro do certame, com 17 gols. As perdas urgiam uma renovação no elenco de Lobanovskyi. Novos jogadores chegaram, alguns notáveis como Volodymyr Bezsonov, Sergei Baltacha, Anatoliy Demyanenko e Andriy Bal. Até Blokhin passou por uma transformação, deslocado do ataque para a armação do time. O título foi recuperado com o bicampeonato em 1980 e 1981, deixando para trás o rival Spartak Moscou.

Mantendo-se por tanto tempo no topo, o Dynamo virou figurinha carimbada nas competições continentais. Depois do título da Recopa, foram nove classificações consecutivas – cinco para a Copa dos Campeões e quatro para a Copa da Uefa. Contudo, sem repetir o feito de 1975. As melhores campanhas foram justamente na Champions, sempre sucumbindo contra adversários de respeito. Os ucranianos pararam nas oitavas em 1978/79, para o finalista Malmö; nas quartas em 1975/76, 1981/82 e 1982/83, contra o vice Saint-Étienne e os campeões Aston Villa e Hamburgo; e nas semifinais de 1976/77, para o timaço do Borussia Mönchengladbach. Nesta última temporada, o clube de Kiev chegou a deixar para trás o campeão Bayern de Munique, mas acabou eliminado por um gol sofrido aos 37 do segundo tempo do jogo de volta contra o Gladbach, diante do lotado Rheinstadion.
A primeira passagem de Lobanovskyi pelo clube se encerrou em 1982. O técnico foi convidado para treinar a seleção soviética logo após a Copa do Mundo. Os vermelhos chegaram à Espanha bem cotados, com oito jogadores do Dynamo. Pararam na segunda fase, superados na liderança do Grupo A pela Polônia no saldo de gols. E os anos sem o comandante não foram nada fáceis para os alviazuis. O clube foi apenas o sétimo colocado no Soviético de 1983. Como alento para a torcida, apenas a chegada de um dos craques que marcariam época: Oleksandr Zavarov. O meio-campista foi lançado no Zorya Voroshilovgrad por Jozsef Szabó, antigo ídolo do Dynamo. E não demorou a se destacar, vice no Mundial Sub-20 em 1979. Após rodar no interior por mais um tempo, se transferiu a Kiev em 1983.

A volta do mito e o bi na Recopa

Lobanovskyi durou na seleção até 1983. O técnico estava invicto com a União Soviética, mas a primeira derrota, para Portugal dentro do Estádio da Luz, acabou custando a queda dos vermelhos nas Eliminatórias da Euro 1984 e o bilhete azul ao comandante. Foram somente algumas semanas até que Lobanovskyi reassumisse o Dynamo. E mesmo com o grande líder, os ucranianos foram apenas os décimos na liga de 1984, a pior colocação desde 1950, além de caírem nas oitavas da copa e serem eliminados pelo Laval logo na primeira fase da Copa da Uefa.
A tempestade não foi totalmente ruim para o Dynamo. Afinal, o clube se mexeu para o ano seguinte e trouxe Igor Belanov. O meia era o craque do Chornomorets Odessa, mas foi em Kiev que atingiu um novo patamar. Afinal, seu estilo de jogo se encaixava perfeitamente aos ideais de Lobanovskyi. Dono de um físico potente, poderia ser uma nova versão do que Blokhin foi uma década antes, embora pensando mais o jogo do que finalizando. E os resultados foram obtidos logo em seu primeiro ano. O Dynamo outra vez conseguiu a dobradinha na URSS, desta vez com um gosto mais saboroso, deixando para trás o Spartak Moscou na liga e batendo o Shakhtar Donetsk na final da copa.
Eram os primeiros passos para a reconquista da Europa. Onze anos depois do título, o Dynamo voltava a disputar a Recopa. E não decepcionou. Utrecht, Universitatea Craiova, Rapid Viena e Dukla Praga foram as vítimas até a final. Já no Estádio Gerland, os alviazuis mostraram outra vez sua força na decisão ao engolir o Atlético de Madrid de Luis Aragonés. Zavarov abriu o placar logo aos cinco minutos, enquanto Yevtushenko e Blokhin – voltando a balançar as redes em uma final aos 34 anos – fecharam o placar em 3 a 0 contra os colchoneros. Desta vez, quem teve a honra de levantar a taça foi Demyanenko. Só o bicampeonato da Supercopa é que não foi repetido, com a derrota para o Steaua Bucareste por 1 a 0, gol de Gheorghe Hagi.
Pouco depois, o elenco do Dynamo Kiev viajou em massa para o México.  Lobanovskyi voltou ao comando da seleção naquele mesmo ano e levou 12 jogadores de seu clube para a Copa do Mundo. A estratégia deu certo de início. Com uma equipe que mantinha o vigor físico e o entrosamento dos campeões nacionais, a URSS sobrou na primeira fase, derrotando Hungria e Canadá, além de empatar com a magnífica França de Platini. Os soviéticos só caíram nas oitavas de final, em um épico contra a Bélgica que é considerado um dos melhores jogos da história dos Mundiais. Empate por 2 a 2 no tempo normal, completado pela vitória por 4 a 3 dos belgas na prorrogação, com um gol a dez minutos do fim. De qualquer forma, o ano não terminou tão frustrante para o Dynamo. O clube faturou o bicampeonato da liga, em uma disputa parelha com Dinamo Moscou e Spartak Moscou. E Igor Belanov levou a Bola de Ouro pela segunda vez a Kiev. Artilheiro da Recopa e autor de quatro gols na Copa do Mundo (incluindo os três contra a Bélgica), o meia ficou à frente de Lineker, Butragueño, Elkjaer e Amoros, todos destaques no México. Já Zavarov foi o sexto.

O fim do império soviético

Os últimos cinco anos do Campeonato Soviético não foram tão pródigos assim ao Dynamo Kiev. Lobanovskyi continuou conciliando o trabalho no clube e na seleção até 1990. Mantendo sua base ucraniana, a URSS foi derrotada pela Holanda na final da Euro 1988, mas caiu logo na primeira fase do Mundial da Itália. Estrelado pelo artilheiro Oleg Protasov, o clube ganhou duas Copas Soviéticas, além de conquistar a liga pela última vez em 1990 – seu 13º título, um a mais que os arqui-inimigos do Spartak na história do torneio. Antes daquela campanha, o time perdera seus principais destaques para o exterior: Zavarov foi para a Juventus, Belanov se transferiu para o Gladbach e Rats acabou no Espanyol. Já Blokhin, em fim de carreira e rendendo pouco, optou por mudar-se para o Vorwärts Steyr, da Áustria, já como líder em jogos e gols na história do clube.

Com aquele esquadrão, o último feito notável do Dynamo aconteceu na Copa dos Campeões de 1986/87. Os soviéticos pintaram como favoritos na competição e, rodada a rodada, justificaram a condição. Deixaram para trás Beroe, Celtic e Besiktas, até pararem na semifinal para o Porto. O time de Lobanovskyi não resistiu os portistas, perdendo no Estádio das Antas por 2 a 1. E, na volta a Kiev, mesmo com 100 mil pessoas lotando o Estádio Olímpico, a frustração foi ainda maior com outra derrota, com dois gols dos visitantes em apenas 11 minutos de partida. O sonho daquele timaço em levar a Champions acabava ali.
Sem o grande técnico e nem os principais craques, um desfigurado Dynamo Kiev encerrou sua participação no Campeonato Soviético com a quinta colocação em 1991. A partir de então, os alviazuis precisariam lidar com o fim do apoio da polícia secreta, assim como do governo comunista da Ucrânia, nação que se tornava independente e democrática com o desmanche da União Soviética. Nada que um clube com tanta história e uma torcida fanática – cerca de 40% da população ucraniana, que chegou a render média de 58 mil pessoas por jogo em 1987 – não pudesse superar. Se já não era mais um esquadrão, o Dynamo nunca deixou de ser respeitado. 

O que aconteceu depois?

O Dynamo Kiev enfrentou sérios problemas econômicos nos dois primeiros anos após o fim da União Soviética e solucionou o problema cortando na própria carne, ao desmanchar o elenco e abrir seu capital. Foi quando voltou a se estabilizar, dominando o Campeonato Ucraniano em seus primeiros anos: foram nove títulos consecutivos nas dez primeiras edições. Lobanovskyi ainda voltaria para uma terceira passagem, entre 1996 e 2000, proporcionando outro grande momento internacional à equipe. Estrelados por Shevchenko e Rebrov, os alviazuis pararam nas semifinais da Liga dos Campeões. Depois de eliminarem Arsenal e Real Madrid, acabaram derrotados pelo Bayern de Munique. Entretanto, o crescimento do Shakhtar Donetsk bancado por Rinat Akhmetov, em melhores condições financeiras, aos poucos foi roubando a hegemonia do Dynamo. O clube já está há cinco anos sem taças, no maior jejum desde a década de 1950.
O Dynamo de Kiev fazendo um clássico contra o russo Tomsk, também produzido pela Brianezi, em 5cm, botões da série 'Luxo'. Os dois times participam de minha Champions League.
Arte de David Ribeiro

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Forza Juve! A "Velha Senhora" do Piemonte - Brianezi 3ª fase

Botões para Sempre traz a querida Juventus, de Turim, fabricada pelos maiores mestres do futebol de botão do país (Paulo Brianezi e seu filho, Lúcio Brianezi), em meados de 1989-1990. Recentemente adquiri o time na caixa original e com o nome respectivo em sua lateral. Os botões são semi-flexíveis, com escudos resistentes, que saíam em água. A Brianezi aproveitou o momento 'dourado' no escudo para colocar uma borda da mesma cor. Belo resultado!
Até a metade da déc. de 90, a Brianezi utilizou-se de escudos resistentes. O material mudava para acetato de plástico (já não eram os famosos celulóides dos anos 70). Só no fim dos anos 90 e no encerramento da linha de produção, o papel por baixo dos botões começavam a surgir, mas não é o caso desta Juventus, que foi produzida nos moldes antigos e encontrada em meados de 1989, nos grandes magazines e lojas de esportes. Com a aquisição, o time participará de minha Champions e de meu Calcio de Oficias. Assim a antiga Juve da Crakes ficará para o time reserva, 'B'.

A postagem é em homenagem ao brilhante jornalista Sílvio Lancellotti, do site 'Copa e Cozinha', grande especialista do Calcio Italiano e fã da "La Vecchia Signora".

Belíssimo time, nenhum botão trincado ou quebrado, ainda brilha apesar da idade dos botões. A 3ª fase da Brianezi durou de 1989 a 1995-96. Os botões são aqueles apelidados pelos colecionadores de 'gordinhos' ou 'gorduchos', encobrem com facilidade, deslizam muito bem e são mais fortes nos chutes que os 'duas faixas'. Para se ter uma ideia, a denominada fase foi a que mais conquistou títulos em meus campeonatos de botão. O reforço é de peso para a disputa da Champions e do Calcio!
O belo time que participa da Champions. Com arte húngara.

O ponto de referência da Juventus no escudo, sempre foram as sete listras verticais predominantemente alvinegras, com um hexágono do brasão da cidade de Turim. Até os anos 70, as mudanças só aconteceram no desenho do brasão e na coroa. Em 1980, veio a alteração: o emblema bianconero, a partir de então, seria uma zebra. O animal, estilizado em preto e branco, ganhou a segunda estrela em 1981-82. O logo tradicional, listrado, com o nome do clube e com o brasão da cidade, voltou dez anos depois. A diferença entre o escudo noventista em comparação ao da década de 70 é o contorno dourado muito mais visível.
Fonte: Site Quattrotratti.
1970´s
1975-76: Belíssima squadra com Capello, Rossi e Mazzola.
José Altafini, o grande Mazzola: itálo-brasileiro que atuou em Copas pela Seleção Brasileira e pela 'Azurra'.

1981-82
80-81
1972
1982-83. Revista Guerin Sportivo.
1984
Platini: um dos grandes astros da Juve. Um dos mais talentosos jogadores das Copas de 1982 e 1986 que eu vi jogar.
1984-85
O grande time campeão da Liga dos Campeões de 1984-85. Boniek, Platini, Paolo Rossi...
1970-71
1973
Registro histórico da metade dos 70´s.
Juventus Stadium

Títulos:
Copa Intercontinental: (2) 1985 e 1996
Liga dos Campeões: (2) 1984-85 / 1995-96
Liga Europa: (3) 1976-77 / 1989-90 / 1992-93
Supercopa (2) 1984 e 1996
Recopa (1) 1983-84
Copa Intertoto (1) 1999
Campeonato Italiano (30)
Copa da Itália (9)
Supercopa da Bota (6).