Copa de 1982

Copa de 1982
Lembranças da Copa do Mundo de 1982: veja o artigo que escrevi sobre o melhor mundial de todos os tempos

quinta-feira, 29 de março de 2018

O 'matador de Tricampeões chegando' - Fogão da PB - Brianezi original 1996

BOTÕES PARA SEMPRE APRESENTA:
BOTAFOGO DA PARAÍBA
BRIANEZI BY LÚCIO BRIANEZI
Assim como o CEUB de celulóides (1972), a coleção recebe mais um reforço de peso para a recém-criada série D. E quantos times subiram de postos ao longo desses anos em Botões para Sempre, chegando até a divisão máxima do futebol de botão nacional. Boa sorte ao 'Belo'!
1980
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78
80
Curiosidades
Fundado em 1931, o Botinha da Paraíba foi apelidado pela Revista Placar como o 'Matador de Tricampeões'. Essa denominação surgiu devido às vitórias sobre o Flamengo do Rio no Maracanã por 2 a 1 e o Colorado no Almeidão pelo mesmo placar no Brasileiro de 1980. Esses dois clubes, no mesmo ano, tornaram-se tricampeões de seus estados e foram derrotados por um dos melhores elencos da história do clube paraibano.
O zagueiro uruguaio Mario Larramendi comemora o primeiro gol do Botinha sobre o Juventude na decisão do Brasileiro da série D 2013, em João Pessoa. A expressão Belo, apelido pelo qual o clube é carinhosamente chamado por sua torcida, nasceu da vibração de um gol; ao presenciar o golaço do Botafogo, Antonio Lima, o Tonico, na época conselheiro, gritou com tanta vibração o adjetivo, que levou os torcedores a se unirem e gritarem juntos. O clube detém 28 títulos estaduais, o recordista de seu estado, além do título histórico da série D 2013.

sábado, 17 de março de 2018

Jornalista mantém tradição e tentará resgatar o 'velho' e amado Futebol de Botão

Botões para Sempre teve a honra de conhecer pessoalmente e entrevistar o jornalista Neemias Freire. Ele se formou na mesma faculdade em que estudei: a FIAM. Nesse papo exclusivo, o botonista relembra seu passado nostálgico com os guerreiros em miniatura.
Neemias Ramos Freire nasceu em Arcoverde, interior de Pernambuco, em 12 de janeiro de 1958. Começou a praticar, ou melhor, ‘brincar’ de futebol de botão por volta dos dez anos e foi apresentado ao esporte pelo seu pai, que jogava na sua infância com as famosas ‘tampas’ ou capas de relógio. Segundo Neemias, tínhamos inicialmente botões fabricados com casca de coco, com chifre, com fichas de pôquer etc. Logo surgiram os botões fabricados pela Estrela. A partir daí seu gosto pelo futmesa intensificou-se.
Jogava bastante com colegas da escola e com seu irmão Boanerges, que é seis anos mais novo. “Lembro-me de atualizar os jogadores, pois recortava fotos da revista Placar e “operava” os botões para ficar mais fácil de fazer gols. Naquela época, no Nordeste, era comum torcer por um time do Estado, um de São Paulo e outro do Rio. Eu torcia pelo Sport Recife, pelo Palmeiras e pelo Flamengo”, relembra.
 Coleção de Neemias Freire
Neemias gostava de jogar numa mesa de fórmica, a mesma que usava para as refeições em casa. Era uma mesa relativamente grande, pois ali se reunia a família, com seus pais, avó e cinco filhos. “Vim para São Paulo com 14 anos, em 1972. Até os 18 anos morei com um tio. Trabalhava numa empresa dele. No primeiro ano, estudei pela manhã e depois passei para o período noturno, para o 2º grau. Durante esse período, fiquei sem jogar. Aqui em São Paulo, cresceu a paixão pelo Palmeiras. Hoje torço pelo ‘Verdão’ e pelo Sport”, enfatiza Freire.
Em 1976, Neemias foi morar com um casal de amigos que estudaram junto no 2º grau, antigo Colegial. Havia acabado de entrar na faculdade, com dinheiro curto. Esse amigo resolveu comprar uma mesa de futebol de botão e times fabricados pela Brianezi. “Eu comprei um Sport Recife, meu time da infância e adolescência. Esta foto da mesa de botão (datada de maio de 1977) foi tirada na casa desse casal onde eu morava. Jogávamos muito lá”, diz.
Em um fim de semana conheceu a saudosa e lendária fábrica Brianezi que se localizada na Avenida Álvaro Ramos, 900/930, no bairro paulistano do Belenzinho, onde se disputavam nos fundos do estabelecimento os torneios de futebol de botão, cuja renda era doada para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). “Na lojinha da Brianezi procurei uma Seleção Brasileira e, infelizmente, não encontrei. Acabei comprando um time amarelo maravilhoso que lembrava muito as cores do Brasil que era o extinto CEUB de Brasília”, recorda.
Com sua esposa e o saudoso chef ítalo-brasileiro, Giovanni Bruno
Palmeiras 'versão 'panelinhas', de 1975 da Estrela. Coleção de Neemias Freire.
Os seus 'Canoinhas' e 'panelinhas' da Estrela
Neemias salienta que não tem praticado o futebol de mesa há muitos anos. “No meu aniversário deste ano, ganhei de presente do meu irmão Boanerges alguns times e estamos planejando comprar uma mesa oficial para voltarmos a jogar. Vamos ver se consigo voltar à velha forma”.
'Botões Clássicos'
Neemias trabalhou no antigo Jornal da Tarde, depois de ter sido contratado pela primeira vez para a revisão do Estadão. "Fiz parte da famosa cobertura da Copa de 1982, que deu prêmio ao JT. Aquela da capa com o garoto chorando", complementa. Há 36 anos, o Brasil amargava uma inesperada derrota para a Itália na Copa da Espanha e a foto de Reginaldo Manente do menino chorando retratava o sentimento de todo o país.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Os botões do artesão Murilo Endriss

Botões para Sempre recebeu um relato do senhor Murilo de Recife. Ele faz botões no estilo Brianezi. Espero que curtem seu texto nostálgico e uma amostra fotográfica de seus guerreiros.
Times de botões em vidrilhas flexiveis de PETG nas espessuras de 0,5 mm e 0,7 mm nos diâmetros de 42 mm e 45mm todas confeccionadas uma a uma
Os botões de 42 mm é a mais leve. "Sugiro para quem pratica o esporte em mesas pequenas". 
"Meu nome é Murilo Endriss, carioca, e radicado em Pernambuco. Sou apaixonado por botões Brianezi, desde o primeiro contato que tive que foi aos oito anos, quando joguei pela primeira vez com um time do Atlético Mineiro preto somente com a numeração e o escudo.  Os únicos botões que eu tinha era um time do Botafogo da Gulliver que eu dividia e jogava sozinho numa mesa pequena de mármore que tinha na sala. No aniversário de doze anos do irmão mais velho de uma coleguinha da escola fui convidado e no convite dizia: ‘Campeonato de botão, traga seu time!’.
Cheguei todo faceiro com meu time. Os meninos que eram mais sete, exceto o aniversariante, não queriam que eu jogasse, pois só podia quem tivesse botões Brianezi ou Sportec. Ainda sim eu era baixinho e não ia alcançar a altura da mesa. Arenga vai, arenga vem, o aniversariante me emprestou o time, para surpresa de todos inclusive minha, ganhei minha primeira partida e perdi a outra. Depois desse dia fiquei um bom tempo indo na loja da Adidas que tinha na Galeria 177 na Senador Vergueiro no bairro do Flamengo/RJ e ficava paquerando com aquelas caixinhas da Sportec e Brianezi até que consegui juntar dinheiro suficiente para comprar um time Sportec da seleção da Polônia branco com uma listra e números vermelhos como os da marca Brianezi, porém estes eram mais caros.
Esse time durou até que minha mãe se chateasse com meu boletim e quebrasse os botões, colei o que deu. Pintei com tinta de parede alguns, enfim, meu Lato, Boniek etc estavam mortos. Fiquei até desinteressado por um tempo. E me interessei por autorama por causa do primeiro título de Nelson Piquet. Novamente juntei dinheiro e comprei um carrinho. Adorava adesivar e pintar as carrocerias dos carrinhos bolha, mas fui me desinteressando, pois não tinha as pistas e precisava pagar para correr. Peguei o carrinho e troquei por dois times completos: um Roma grená com duas listras e números amarelos e uma seleção de Portugal branco com listras vermelhas e uma verde fina. E também cerca de vinte botões avulsos. E depois de ter colocado acetato em forma de empada no forno pra tentar fazer vidrilha resolvi descascar a tinta dos avulsos. Alguns danificaram, contudo consegui pintar 03 times: Bandeirantes, Sion e Lokomotive Leipzig (esse último inclusive depois foi do João da Button Soccer USA).
Usei escudinhos da revista Placar e os números eram os adesivos para carroceria de autorama que eu comprava na Hobbylandia num prédio comercial ao lado da estação de metrô na Carioca. Joguei muito botão, cacei muito anúncio no jornal Balcão para comprar times diferentes, quando o telefone público “orelhão” da rua estava fazendo ligação direta era farra para fazer os contatos. Ligava para as lojas que vendiam times como a Sapasso Sports, Hawaii Sports, Flu Boutique, inclusive lá eles vendiam botões avulsos.
Mais uma pausa das mesas de botão agora era a adolescência. Os estudos exigiam e as namoradinhas foram surgindo. Me desfiz de vários botões, ficando com uns 25 que, mais tarde, também teriam sido dados quando me mudei para Pernambuco. Nssa última leva foi embora o “Bergomi”, lendário botão da Internazionale amarelo com duas listras pretas e número azul claro.
Em 2005 estava no meu escritório fazendo uma limpeza e organizando os materiais quando peguei numa folha de acetato que no mesmo momento me fez lembrar dos botões Brianezi. Não tive dúvida mesmo sem ter com quem jogar iria produzir alguns times por hobby e colecionismo. Fiz os primeiros botões. As vidrilhas ficaram muito aquém do que seria um Brianezi, mas mesmo assim eu mostrei para o botonista Marcelo Budolla que até gostou e me incentivou a tentar melhorar e foi o que fiz. Comprei alguns botões Sportec e Brianezi e ganhei um time da marca Crak´s que serviram de referência para as dimensões das vidrilhas.
Produzi alguns times com qualidade bem interessante. Numa viagem que fiz a São Paulo levei os times e fiz contato com o colecionador Jorge Farah, que fez questão que fosse em sua casa. Foi uma tarde muito agradável, além de ter visto diversos times de botão, voltei de mão abanando para o hotel, pois os meus botões o tinham encantado e não me deixaram voltar com eles. Adorei não pelo dinheiro, todavia pela aprovação do meu produto que recebeu apenas uma ressalva no quesito flexibilidade da vidrilha que poderia ser um pouco mais rígida".

terça-feira, 6 de março de 2018

CEUB - Primeira edição 1972-76 by Paulo Brianezi **raríssimo e um dos mais pitorescos da lendária fábrica

Eis um time que perseguia há anos. Seja bem-vindo originalmente o belíssimo e extinto CEUB, celulóides importados, reforço de peso da primeira edição da Brianezi para a minha série D. Acompanhe abaixo uma brilhante reportagem do saudoso clube candango produzida pelo site Trivela.
 
O Ceub de 1973 a 1975: 
O time universitário que chegou ao Brasileirão
por Emmanuel do Valle
Clubes de futebol profissionais originários de universidades e que preservam esse laço de origem no nome são comuns não só na América Latina (há no Chile, no Peru, na Venezuela, no México) como também na Europa (em Portugal, na Romênia, na Irlanda). No Brasil, entretanto, sempre foram raros, casos pontuais. Talvez o de maior expressão, chegando à elite do Campeonato Brasileiro, tenha sido o efêmero Ceub, de Brasília. Durante seus quatro anos de profissionalismo, no início da década de 1970, o time azul e amarelo disputou três edições do torneio nacional, mesclando jogadores rodados, até com passagem pela Seleção, à prata da casa, e conseguiu alguns grandes resultados. Sua trajetória é o tema de hoje em “Azarões Eternos”. 
Exemplar belo e ileso. Vieram com 'furinhos' no meio. Típicos da garotada nos anos 70. Segundo o antigo dono, esses furos eram comentados na fábrica Brianezi para os clientes executarem a fim de obterem uma melhor 'aerodinâmica' nos botões.
Placar 1987. Reparem que a revista mencionava o histórico clube candango na lista dos Brianezi
Primeira Edição dos clubes feitos pela Brianezi em 1972
As origens
Os campeonatos de futebol em Brasília começaram antes mesmo da inauguração da capital, em abril de 1960, reunindo clubes originados de construtoras, associações classistas e órgãos governamentais, como o Grêmio Brasiliense, o Cruzeiro, o Rabello e o DFL (Departamento de Força e Luz, ou “Defelê”, como era popularmente conhecido). Houve até mesmo um pioneiro período profissional, em meados da primeira década, que levou a alguns destes clubes a disputarem as fases regionais da Taça Brasil e que terminou por volta de 1967 com a falência dos poucos que ainda resistiam. Ao longo do período, o público foi minguando, o que levou a um retorno ao amadorismo.
Em fevereiro de 1971, foi a vez dos alunos e funcionários do Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) – universidade privada fundada dois anos antes – criarem um clube, que estreou no torneio amador da capital naquele mesmo ano. Na primeira participação ficou em terceiro, decidindo o título do ano seguinte com o Serviço Gráfico. Já em 1973, viria o passo mais ambicioso: ao saber que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) pretendia ampliar o Campeonato Brasileiro de 26 para 40 clubes, possivelmente incluindo um representante do Distrito Federal, o Ceub se aproximou da entidade, pleiteando a vaga.
A CBD fez exigências: para disputar o Nacional, o Ceub precisava se profissionalizar, além de contar com um estádio com capacidade mínima exigida para mandar seus jogos. Assim foi feito: apesar de manter o nome, o clube se desligou administrativamente do centro universitário que o dera origem (ainda que a instituição mantivesse a ajuda financeira e cedesse bolsas de estudo aos atletas). Reformou e ampliou a toque de caixa o Estádio Edson Arantes do Nascimento, o Pelezão, que passou a receber até 40 mil pessoas. E para não fazer feio no Brasileiro, trouxe vários jogadores experientes do Sul e Sudeste.
Pronto para o Brasileiro de 1973
Para o gol, chegaram Rogério (ex-Grêmio) e Valdir (ex-Vasco). A defesa foi reforçada com os veteranos Rildo (ex-Botafogo, Santos e seleção brasileira da Copa de 1966) e Oldair (ex-Palmeiras, Vasco, Fluminense e capitão do Atlético Mineiro na conquista do título brasileiro de 1971), além do zagueiro Paulo Lumumba (ex-Bonsucesso e Flamengo). No meio, o volante Jadir (ex-Grêmio) atuaria à frente do setor defensivo. O ponta de lança era Cláudio Garcia (ex-Fluminense). E para a frente também vieram Dario (ex-América-MG, Palmeiras, Flamengo e Fluminense) e os ponteiros Tuca Ferretti (ex-Botafogo) e Xisté (ex-Palmeiras).
Aos nomes rodados, misturava-se a prata da casa, garotos de 17, 18 anos revelados pelo próprio clube que teriam então uma vitrine nacional. Eram os casos do zagueiro Emerson (filho do supervisor do clube), do talentoso meia Péricles (já um ídolo da torcida) e do ponteiro Marco Antônio (que mais tarde seria convocado pela seleção brasileira amadora para disputar o Torneio de Cannes). Ao longo do primeiro semestre de 1973, o time fez uma série de amistosos com grandes clubes do país para adquirir conjunto e experiência. Agora o único clube profissional do Distrito Federal, o Ceub passou a manter duas equipes: uma para o Campeonato Brasileiro e outra, amadora, para participar do torneio metropolitano.
Inicialmente, o time trabalhou sob o comando do técnico Marinho, demitido após pouco mais de 20 dias no cargo por desentendimentos com dirigentes. Para o Campeonato Brasileiro, chegaria o experiente e folclórico João Avelino. Entre a saída do primeiro e a contratação do segundo, Cláudio Garcia acumularia interinamente os cargos de jogador e treinador. A estreia no Campeonato Brasileiro viria numa tarde de sábado, 25 de agosto, contra o Botafogo diante de um Pelezão lotado. O jogo teve transmissão ao vivo para todo o Brasil pela TV Tupi e foi bem disputado, terminando num empate sem gols.
Naquele jogo, o Ceub entrou em campo com o time considerado titular: Rogério no gol, Oldair na lateral direita e Rildo na esquerda, postados mais defensivamente, Paulo Lumumba e Emerson como dupla de zaga, Jadir, Péricles e Cláudio Garcia no meio e Marco Antônio, Dario e Valmir (outra cria da base) no ataque. Pela transmissão, ainda em preto e branco, não foi possível notar as cores do novo time, mas o desenho da camisa – predominantemente azul, mas com as mangas listradas em azul e amarelo, além dos calções e meiões brancos - já chamava a atenção.
Vitórias marcantes sobre clubes grandes
Com o goleiro Valdir, arte do saudoso amigo Ale di Caprio, do Tribuna do Botão.
Em breve, o que se destacaria era a campanha: após o empate na estreia, os brasilienses perderam para o Coritiba fora por 2 a 1, mas se recuperaram batendo o Figueirense no Pelezão e, em seguida, obtendo seu primeiro triunfo marcante, diante do Cruzeiro. Em 5 de setembro, o time mineiro levou todos os seus craques – Raul, Nelinho, Perfumo, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes – ao Pelezão, mas não conseguiu furar a defesa do Ceub, com Oldair e Rildo fechando os espaços pelos lados e Jadir, pelo miolo, além de Péricles ganhando a batalha com Dirceu Lopes. Na etapa final, após suportar a pressão, os donos da casa marcaram aos 21 com Dario e aos 31 com Marco Antônio, conquistando uma vitória de 2 a 0 muito comemorada.
Após o resultado, entretanto, o Ceub começou uma sequência ruim, prejudicado pelas repetidas baixas no elenco (trazido para supri-las, o veterano zagueiro Roberto Dias, ex-São Paulo, acabou tendo passagem meteórica, de apenas quatro jogos). Embora continuasse a tirar pontos das equipes dos grandes centros (depois do 0 a 0 contra o Botafogo e a vitória sobre o Cruzeiro, os brasilienses também arrancaram um empate com o São Paulo e bateram o America do Rio), passou a decepcionar com derrotas para equipes do Nordeste, perdendo em casa para CRB, Moto Clube e Fortaleza. Este último revés provocou a demissão do técnico João Avelino, que saiu com o mesmo discurso dos jogadores: a equipe tinha ótimo potencial, mas vinha sofrendo uma maré de azar.
A falta de sorte continuou no jogo seguinte, derrota por 1 a 0 para o América Mineiro num gol contra do lateral Lauro. Novamente treinada por Cláudio Garcia – que agora encerrava definitivamente a carreira de jogador e iniciava a de técnico – a equipe teria nada menos que o Corinthians pela frente, três dias depois. Mesmo com a ausência de Rivelino, os paulistas eram francos favoritos e vinham em alta na competição, sustentando uma invencibilidade de dez partidas. Mas foi o Ceub quem abriu o placar com o atacante Juraci aos 37 do primeiro tempo. Na etapa final, o centroavante Roberto Miranda empatou para o Alvinegro aos 27, mas, quando já era certa a virada corintiana, Juraci marcou outra vez e deu a vitória aos brasilienses.
Embalado, o time conquistou sua única vitória fora de casa na partida seguinte, diante do Paysandu em Belém, outra vez com gol de Juraci (1 a 0). Ironicamente, o técnico do Papão era João Avelino, contratado dias depois de ser demitido pelos brasilienses. Divididos em dois grupos de 20 equipes no primeiro turno, os 40 clubes do Brasileiro foram redistribuídos em quatro grupos de dez para o returno. Nesta etapa, o Ceub fez ótima campanha no Pelezão, vencendo Comercial de Campo Grande, Paysandu (outra vez) e Moto Clube e empatando com Santa Cruz e Remo. Mas como visitante perdeu suas quatro partidas.
Na soma das duas fases, o Ceub terminou em 33º lugar, com oito vitórias, seis empates e 14 derrotas, sem chegar a sofrer nenhuma goleada. Embora não avançasse para a etapa seguinte, disputada pelos 20 melhores da fase classificatória, o balanço final foi favorável, com retrospecto aceitável para um estreante, especialmente em vista dos bons resultados diante dos clubes grandes. Na virada do ano, em fevereiro de 1974, o time de amadores conquistou o Campeonato Brasiliense de 1973, superando numa melhor de três partidas a equipe do Relações Exteriores. Foi o único título do clube no torneio.
1974: Casa nova, mas campanha fraca
Mantido pela CBD no Brasileiro para o torneio de 1974 (que começaria logo depois do encerramento da edição de 1973), o Ceub perdeu alguns de seus nomes experientes: o goleiro Rogério foi negociado com o America do Rio (no qual participaria de um time histórico, o que venceria a Taça Guanabara daquele ano), Jadir retornou ao futebol gaúcho e Paulo Lumumba encerrou a carreira – além de Cláudio Garcia, que agora, oficialmente, era apenas o técnico. Reserva no ano anterior, o ex-vascaíno Valdir assumiu a camisa 1, enquanto Pedro Pradera entrou na zaga no lugar de Lumumba.
Outra novidade foi o estádio. Durante aquele Brasileiro, o Ceub deixou o Pelezão e passou a atuar no mais novo palco da Capital Federal, o Estádio Governador Hélio Prates da Silveira (que futuramente seria renomeado Mané Garrincha). A inauguração do estádio aconteceu justamente na partida de estreia do Ceub no campeonato, contra o Corinthians, em 10 de março. Os paulistas tiveram sua revanche da derrota no Pelezão no ano anterior e venceram por 2 a 1, com dois gols de Vaguinho. Juraci, autor dos tentos da vitória brasiliense em 1973, descontou para os donos da casa.
Mesmo assim, a campanha na segunda participação no torneio nacional foi sensivelmente mais fraca. O Ceub venceu apenas três partidas (Fortaleza e Sport em casa e o Nacional em Manaus), mas seus resultados mais significativos foram os empates contra o Palmeiras e o São Paulo (o time também ficou na igualdade com Portuguesa, Santa Cruz, Goiás e o Operário de Campo Grande). Terminou numa modesta 37º posição entre 40 equipes, superando apenas Itabaiana, Avaí e CSA. O público também se afastou: no ranking das rendas, o clube ficou no mesmo 37º lugar, à frente dos Américas Mineiro e de Natal e do Olaria. 
Inauguração do Mané Garrincha 
1975: Excursão ao exterior e última campanha no nacional
Em fevereiro de 1975, João Avelino voltou ao comando da equipe, substituindo Aírton Nogueira, que passaria a ser seu auxiliar. E em maio, o Ceub embarcou numa extensa excursão pela Europa e norte da África, passando por Marrocos, Argélia, França, Iugoslávia e Espanha. Em meio a um desempenho oscilante, bastante comum neste tipo de empreitada, alguns dos resultados foram marcantes. Na França, a equipe brasiliense derrotou o Racing Strasbourg (2 a 0) jogando no Parc des Princes. E na Espanha, emendou triunfos sobre o Deportivo de La Coruña (2 a 0), o Betis (2 a 1) e o Tenerife (2 a 0).
No segundo semestre, para aquela que seria sua última participação no Brasileiro, a equipe ainda mantinha alguns bons valores feitos em casa, como Emerson, Péricles, Marco Antônio e o ponta Dinarte, mas também apresentava outros novos, como o goleiro Paulo Vitor (mais tarde campeão brasileiro e tri carioca pelo Fluminense, além de defender a seleção brasileira) e o ponta-direita Junior (que seguiria no ano seguinte para o Flamengo, onde seria chamado de Junior Brasília). Assim, as contratações chegaram em volume menor do que dois anos antes: os nomes mais destacados foram os do goleiro Jair Bragança (ex-reserva de Wendell no Botafogo, trazido por empréstimo) e um já veterano Fio “Maravilha”, ex-Flamengo.
Com o técnico Marinho retornando no lugar de Avelino, o time perdeu os dois primeiros jogos, em visitas ao Goiânia e ao Figueirense, ambas por 2 a 1, mas em seguida reagiu e fez campanha bastante consistente na primeira fase. O primeiro ponto veio ao segurar um empate contra o Grêmio (0 a 0) em pleno Olímpico, feito repetido diante da Portuguesa no Pacaembu (1 a 1). De volta ao Pelezão, vieram os primeiros triunfos: 2 a 1 sobre a Campinense, com gols de Marco Antônio e Fio, e 1 a 0 contra o Vitória, gol de Péricles.
A única derrota daquela sequência até o fim da primeira etapa veio em casa diante do Flamengo, no jogo que estabeleceu o recorde de público do Pelezão: mais de 41 mil torcedores viram os rubro-negros vencerem por 1 a 0, com tento marcado pelo ponteiro Luís Paulo. Nos quatro últimos jogos, o time foi buscar no fim um empate em 2 a 2 com o Sergipe em Aracaju e, em casa, derrotou o América de Natal por 2 a 1, empatou sem gols com um forte Santa Cruz (que seria semifinalista naquele ano) e, de novo, conseguiu um 2 a 2 com dois gols no fim diante do Santos. 
O desempenho equilibrado (três vitórias, cinco empates, três derrotas, 12 gols marcados e sofridos) não foi, entretanto, o suficiente para levar o Ceub a um dos grupos de vencedores na fase seguinte. Relegado à repescagem, o time até começou bem, vencendo a Desportiva e arrancando um empate contra o CSA em Maceió, mas decepcionou nos últimos jogos, perdendo em casa para Americano e Bahia e caindo com um 3 a 0 para o Náutico no Arruda, na despedida. Na classificação final, o time ocupou a 31ª posição.
1976: O fim do Ceub
Ironicamente, o ano de 1976, em que o Distrito Federal voltaria enfim a ter um campeonato profissional, também assistiu ao fim do Ceub. Tudo por conta de uma polêmica quanto à indicação do representante no Brasileirão daquele ano. No início da temporada, a CBD anunciou que a vaga no torneio nacional ficaria com o campeão do certame brasiliense, a ser iniciado em abril. O regulamento original previa que as oito equipes se enfrentassem em três turnos corridos, com os vencedores de cada etapa reunidos na fase final.
O Ceub começou com todo o gás: logo na estreia, sapecou 6 a 0 no Gama, conquistando o primeiro turno com seis vitórias e um empate em sete jogos. A primeira intervenção da CBD veio pouco antes do returno: a entidade exigia um encurtamento do torneio, para que o campeão fosse conhecido até 40 dias antes do início do Brasileiro. A etapa então foi reformulada, com as equipes divididas em dois grupos, com um jogo extra entre os vencedores para apontar o campeão do returno. E novamente deu Ceub, que, de acordo com o regulamento, levaria dois pontos extras para o terceiro e último turno.
Até que a CBD entrou novamente em cena, exigindo um novo encurtamento do calendário. Sem saber o que fazer, a Federação Metropolitana recebeu da entidade nacional a sugestão de suspender em caráter temporário o torneio regional e realizar, a toque de caixa, um torneio extra para apontar o participante do Brasileiro de 1976 (enquanto que o Campeonato Brasiliense, a ser retomado mais tarde a partir do terceiro turno, indicaria o representante no Brasileiro de 1977). O Brasília venceu o torneio extra, dando início uma guerra judicial nos bastidores que culminou com a perda da vaga no Brasileiro pelo Distrito Federal (seria repassada a São Paulo, que indicou a Ponte Preta).
Sentindo-se prejudicado – já que vinha em ótima situação no torneio regional, com chance até de levar a taça de modo antecipado, sem a necessidade de finais e, dessa forma, ser indicado para o Brasileiro – o Ceub se desinteressou pela disputa do terceiro turno do Campeonato Brasiliense, abandonando a competição e extinguindo seu departamento de futebol profissional. Seus resultados no torneio passaram então a ser desconsiderados, com os segundos colocados no primeiro e segundo turnos herdando a vaga no triangular final, ao lado do Brasília, vencedor da terceira etapa – e que conquistaria o título.
A partir daquele ano, o Brasília tomaria a hegemonia do futebol local, arrebanhando nomes criados no Ceub – como o goleiro Paulo Vítor, o meia Péricles e o técnico Cláudio Garcia – e vencendo sete dos nove campeonatos disputados até 1984. O Distrito Federal ainda assistiria a longos períodos vitoriosos do Gama (década de 1990 e início dos anos 2000) e do Brasiliense (do início dos anos 2000 em diante). Ambos chegariam a transpor sua força para o âmbito nacional, subindo divisões até a elite do Brasileirão e fazendo ótimas campanhas também na Copa do Brasil. Mas, bem antes deles, o Ceub, em sua curta trajetória, foi o grande desbravador, o primeiro a causar impacto no resto do país.