Toda tarde de sábado, das 13 às
17h30, o Centro Esportivo do bairro Eldorado, na zona norte de Rio Preto, vira
ponto de encontro de um grupo de 14 homens. Eles se reúnem há mais de 30 anos,
com empolgação típica da infância, para jogar partidas de futebol de mesa, o
botão, esporte muito popular nas décadas de 1970 e 1980. Parte do grupo integra
o time de futebol de mesa oficial do América Futebol Clube, liderado por José
Luis Mendonça, de 54 anos, fanático jogador de futebol de botão. "Às
vezes, a empolgação é tão grande que nós perdemos a noção do tempo e paramos
quando está tudo escuro", comenta Mendonça.
Marcelo
Mattos, o Aranha, de 45 anos, é um dos precursores do futebol de mesa em Rio
Preto
Quem pensa que futebol de
botão é brincadeira de criança está muito enganado. Há regulamento e até
entidades fortes como a Federação Paulista de Futebol de Mesa e a Confederação
Brasileira de Futebol de Mesa, a 'CBF' deles. O futebol de botão foi inventado
em 1930 pelo brasileiro Geraldo Cardoso Décourt, mas só acabou reconhecido e
regulamentado na década de 1970. Em Rio Preto, o primeiro grupo de jogadores
começou a ser formado em 1985, diz Marcelo Mattos, 45 anos, o Aranha, como é
mais conhecido, um dos precursores da modalidade no município. "Esse ano é
significativo para nós, porque estamos comemorando 30 anos do futebol de mesa
em Rio Preto. Chegamos a ter quatro equipes. Palestra, Rio Preto, Capitão e
América, o único ainda em atividade", destaca Aranha.
No ano passado, o América
conquistou os títulos de campeão da Copa do Brasil de Futebol de Mesa, nas
categorias individual e por equipes. "Estamos na fase de terminar o
campeonato iniciado no ano passado e vamos começar um novo em fevereiro, com a
participação de mais de dez equipes", informa José Luís Mendonça. Na luta
para tentar arrebanhar novos jogadores, o que desanima os velhos praticantes é
a injusta concorrência com os jogos eletrônicos da série Playstation 4. Não é
fácil convencer a molecada deixar o joystick para optar pelos botões. "Tem
de ver quando dou oficina no Sesc de Rio Preto. Os meninos ficam meio assim,
mas logo depois que conhecem de perto, passam a gostar", diz o aficionado
Mendonça. Uma parceria entre o clube e a Secretaria Municipal de Esportes e
Lazer (Smel) poderá proporcionar a criação de uma sala de aula para o futebol
de mesa no Centro Esportivo do Eldorado. A data de início do curso e a
quantidade de vagas serão divulgadas nas próximas semanas, mas não haverá
qualquer cobrança de taxas aos participantes. Quem quer entrar neste esporte,
pode ter de desembolsar de R$ 200
a R$ 300 para os jogos completos de jogadores, em média,
contendo entre 12 e 20 peças. Há como encontrar nas lojas de R$ 1,99 jogos de
plástico, mas, segundo os antigos praticantes, a qualidade é bem inferior.
Fabricante recebe pedidos de 5 Estados
Fabricante recebe pedidos de 5 Estados
A escalação, o torneiro mecânico Roberto Rodrigues, de 51 anos, tem de cabeça
há 38 anos: Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Basílio, Ruço e
Neca; Vaguinho, Lance e Romeu Cambalhota. Esse era o time do Corinthians de
1976, no primeiro jogo de botão do morador do bairro Solo Sagrado, na zona
norte de Rio Preto. "Eu tinha uns 10 anos. As peças eram mesmo em forma de
botão. Colava o escudo do time, com as figuras que vinham da Revista Placar.
Hoje, meu time é o Manchester United, da Inglaterra", diz Rodrigues. Quase
40 anos depois, Roberto se tornou um dos mais requisitados fabricantes de times
de futebol de mesa do Brasil. É na sua oficina de torneiro mecânico, que ele
atende os pedidos que vêm de Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis,
Belo Horizonte e São Paulo. "Temos muitos praticantes espalhados pelo
País, com campeonatos competitivos. Principalmente no Rio de Janeiro",
destaca o fabricante. O trabalho é todo artesanal, desde o corte das peças.
Jogadores de meio-campo e ataque têm 50 milímetros de
diâmetro e as peças utilizadas na zaga têm 60 milímetros de
diâmetro. Todas são de formato circular, exceto o goleiro que é retangular.
"Nos pedidos que recebo há inclusive instruções detalhadas para a
angulação da peça, porque fazem a diferença para fazer os gols", explica o
torneiro. A frustração de Roberto Rodrigues, por enquanto, é ainda não ter para
quem repassar o amor pelo futebol de mesa. Sua única filha não joga. A
esperança vai para quando ela tiver um filho.
Modalidade possui duas regras
Modalidade possui duas regras
O futebol de mesa é praticado com 11 peças para
cada time. Dez redondos com a função de jogadores de linha e um retangular, que
simboliza o goleiro. Todas as peças são impulsionadas por fichas, apenas por um
jogador. Em uma mesa de superfície lisa, com 1,40 metro de
comprimento por um metro de largura. A bola é um botão de forma circular, com
apenas um centímetro.Há duas linhas de regras de futebol de mesa no Brasil. A
de 12 toques e a de três toques. Na conhecida como Regra Paulista, a 12 toques,
cada partida tem 20 minutos de duração, dividida em dois tempos de dez minutos
cada. O jogador com a posse da bola pode fazer até 12 toques antes de chutar a
gol. Se ultrapassar o limite, sofre um tiro livre, espécie de cobrança de
pênalti. Esta é a mais praticada pelos rio-pretenses.Na três toques é usado
regulamento do futebol de campo e as partidas tem 40 minutos de duração,
divididos em dois tempos de 20 minutos cada. E cada equipe pode dar no máximo
três toques até finalizar para o gol adversário.
Fonte: Diário da Região
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